DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

            
                              AMÍLCAR CABRAL

                                 XLVII

          A COLABORAÇÃO INTERNACIONAL E O ARMAMENTO
                               
                              
                               
Os exércitos regulares normalizam o seu armamento de forma a utilizarem sempre os mesmos tipos de munição e a facilitarem a trocas de peças. O PAIGC tinha de aceitar o que lhe ofereciam. Os seus guerrilheiros utilizaram, por exemplo oito tipos diferentes de pistolas-metralhadoras. Entre elas, a PPSH-41, de calibre 7,62 e com tambor para 71 munições, fornecida pela União Soviética, ficou conhecida como "costureirinha", devido ao som que produzia ao disparar.
Marrocos e a Checoslováquia foram os primeiros países a fornecer material de guerra ao PAIGC. Com o decorrer do tempo, as ajudas diversificaram-se. Acabou por ser a União Soviética quem disponibilizou o apoio mais valioso.
O PAIGC instalou um depósito de material de guerra na República da Guiné, mas nunca dispôs de grandes reservas de armamento. As armas e as munições chegavam quando calhava. O reabastecimento era irregular. Ocasionalmente, os combatentes puderam contar apenas com as munições contidas nos carregadores das armas individuais.
Era preciso fardamento. O Egito ofereceu uniformes às primeiras unidades de guerrilha.
Cuba contribuiu com instrutores de artilharia que deram formação num campo de treino militar instalado pelo PAIGC em Sili, na zona de Biambe.
Em 1973, já perto do fim do conflito, um relatório do Comité de Libertação da OUA, enumerava as necessidades de material de guerra do PAIGC para o ano seguinte. A lista incluía artilharia de longo alcance, material de transmissões, mísseis terra-ar portáteis, viaturas blindadas, vedetas rápidas, barcos de borracha para os rios, minas aquáticas e navios de longo curso para ligações com as ilhas de Cabo Verde. Não terá chegado tudo, mas o preço teria de ser elevado. Não poderia seria suportado pela soma dos orçamentos anuais (nos dias de hoje) do conjunto dos estados da Guiné e de Cabo Verde. Havia quem investisse nas independências.
Entre o armamento ao dispor do PAIGC existiam diversas armas antiaéreas, foguetões, metralhadoras pesadas, espingardas Kalashnikov de calibre 7,62 mm, lança-rockets, canhões sem recuo, morteiros, viaturas anfíbias, carros de combate e uma grande variedade de minas (antipessoais, anticarro e aquáticas).
O foguetão GRAD calibre 122 era uma variante portátil do Katyusha, passível de ser lançado por um único tubo. O lançador de foguetes múltiplos Katyusha foi utilizada pelo Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial. Era disparado a partir de multilançadores transportados por camiões ou tratores. Foi apelidado na época de "Órgão de Estaline" pelas tropas alemãs. A sua precisão nunca foi grande. Eram necessários muitos foguetes para destruir um objetivo. No entanto, os disparos sucessivos assustavam o inimigo. O GRAD foi o míssil mais utilizado nos ataques por foguetões na Guiné. O seu alcance variava entre os 10.000 e os 20.000 metros.
 Os mísseis terra-ar SAM-7 Strella tinham chegado nesse ano. Abateram vários aviões e helicópteros portugueses, precipitando o final dos combates, a demissão de Spínola e a revolução de Lisboa.
O PAIGC não chegou a dispor de aviação eficaz. Estiveram na União Soviética, a frequentar cursos de pilotagem, cerca de trinta militares seus.






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