CRÓNICAS DE VIAGEM
SALAMANCA
Eu tinha passado por
Salamanca há mais de meio século, “pendurado” na excursão de finalistas de
Medicina da minha cunhada Maria Augusta. Devemos ter demorado lá pouco, pois
gravei apenas na memória a imagem da Plaza Mayor.
Plaza Mayor
Desta vez, estivemos lá um
dia inteiro. Não é muito tempo e ficou muita coisa por ver, mas chegou para
formar uma ideia aproximada da cidade que alberga a Universidade mais antiga da
Península Ibérica e a quarta da Europa, onde apenas Bolonha, Oxford e Paris a
precederam. Nela estudaram Abraão Zacuto, Calderón de la Barca e os portugueses
Pedro Nunes e Amato Lusitano. Cristóvão Colombo deu ali aulas sobre as suas
descobertas.
Ponte romana e catedral
A economia da cidade de
220.000 habitantes gira atualmente em volta da Universidade e do turismo.
No século XVI, Salamanca viveu a sua idade de ouro. A cidade contava 6.500 estudantes, numa população de cerca de 24.000 almas. Durante esse período, ensinaram ali muitos dos intelectuais mais ilustres da Europa e foram desenvolvidos conceitos revolucionários na Moral e no Direito, incluindo os direitos à vida, à propriedade e à liberdade de pensamento. Em anos mais recentes, Miguel de Unamuno foi reitor da Universidade.
No século XVI, Salamanca viveu a sua idade de ouro. A cidade contava 6.500 estudantes, numa população de cerca de 24.000 almas. Durante esse período, ensinaram ali muitos dos intelectuais mais ilustres da Europa e foram desenvolvidos conceitos revolucionários na Moral e no Direito, incluindo os direitos à vida, à propriedade e à liberdade de pensamento. Em anos mais recentes, Miguel de Unamuno foi reitor da Universidade.
Universidade
A história da povoação é
muito antiga. Em 220 a.C., os cartagineses conquistaram a cidade às tribos de
origem celta que a habitavam. Após a vitória romana na Segunda Guerra Púnica
(218-201 a.C.), a cidade foi anexada à província da Lusitânia. Com a queda do
Império Romano, chegaram os invasores alanos e visigodos. Mais tarde, no ano de
712, os mouros tomaram conta da região e governaram-na até ao século XI. Por
essa altura, a relação de forças entre cristãos e mouros começou a inverter-se
e iniciou-se a reconquista cristã da Península.
Universidade - detalhe da fachada
Passados muitos séculos, durante
a Guerra Peninsular, em 1809, a cidade foi ocupada pelas tropas do general Soult,
que comandou a segunda invasão francesa a Portugal. Três anos mais tarde, as
tropas anglo-lusas comandadas por Arthur Wellesley, mais tarde duque de Wellington,
reconquistaram Salamanca. A cidade sofreu muito com a guerra e com o
encerramento da Universidade, decretada por Fernando VII. Ao ser reaberta não
voltou a recuperar o vigor e o prestígio antigos.
Entre 1936 e 37, o Palácio
Episcopal de Salamanca foi a residência e o comando operacional do general
Francisco Franco.
Catedral nova
Salamanca é uma das
cidades espanholas mais ricas em monumentos da Idade Média, do Renascimento e
das épocas barroca e neoclássica. A catedral nova é barroca. Os fiéis tiveram o bom senso de não destruir a velha. Ficam paredes meias e passa-se de uma para outra sem sair à rua.
Porta da catedral nova
São impressionantes a quantidade, a diversidade arquitectónica e a beleza dos edifícios históricos acantonados no centro da cidade. Salamanca tem ainda a fama de ser o lugar onde se fala o melhor castelhano de Espanha.
Convento de San Esteban
A vida social de Salamanca
centra-se atualmente na Plaza Mayor, construída no final da primeira metade do
século XVIII.
Plaza Mayor
Para nós, portugueses, não
deixa de ser curiosa a coincidência entre o nome do rio Tormes, que corre a sudoeste
da cidade e a quinta de Tormes que encantou Jacinto em “A cidade e as serras”. O
rio é atravessado por uma ponte romana em que, ainda hoje, boa parte dos arcos
é de origem.