DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

terça-feira, 28 de maio de 2013


                      O EURO NÃO NOS BASTA





Defendi algumas vezes neste espaço a oportunidade de regressar parcialmente à nossa moeda nacional sem abandonar o euro. Quanto mais penso no assunto, mais me convenço de ter razão.
Espreita no horizonte a probabilidade de termos de sair da zona euro num futuro mais ou menos próximo. Essa decisão, que nos poderá vir a ser imposta, implicará danos consideráveis à nossa frágil economia, com uma inflação que rondaria os trinta por cento no espaço de um ano. Os números não são meus. Foram adiantados há semanas, na televisão, por Pedro Passos Coelho.
Volto a propor a emissão anual uma moeda paralela, datada e válida por períodos de três anos, num montante idêntico ao défice público calculado para o ano em causa. Isso implicaria substituir os empréstimos externos, que cada ano nos fazem mais dependentes de terceiros e levam a um serviço de dívida provavelmente impossível de honrar, pelo recurso coercivo ao crédito interno. Parte dos pagamentos do Estado Português – por exemplo, os subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos e pensionistas e uma fração dos subsídios de desemprego seria paga na moeda nova, que até poderia ter até o nome do velho escudo.
Obrigando-se o Estado a convertê-lo em euros a um juro equivalente à inflação ao fim de três anos, as finanças públicas teriam conseguido dinheiro emprestado a juro zero. O mercado encarregar-se-ia de restabelecer o equilíbrio financeiro. Quem não quisesse ou não pudesse manter em seu poder os títulos de dívida pública até à “maturação” poderia transacioná-los. Com a garantia do Estado Português, dificilmente a desvalorização da nova moeda chegaria aos 5 ou 6 por cento, o equivalente aos juros apetecíveis de uma obrigação a três anos com retorno assegurado.
Poderei não ter razão, mas gostaria que alguém me desse ouvidos. Há quem diga que estamos a caminhar para o abismo. Parece haver solução. É parar, de imediato, de pedir dinheiro emprestado lá fora. Já pensaram que, poucos meses depois de pormos em prática esta medida, poderíamos acenar à troika com lenços brancos?
Seria possível fazer às indispensáveis reformas do Estado a um ritmo menos violento. A nossa pesada carga fiscal poderia começar a ser aligeirada a partir do orçamento seguinte. Deixaria de ser fantasia esperar a retoma da economia e a consequente redução do desemprego.
É mais que tempo de recuperamos a nossa soberania plena. 


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