DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

ORGULHO

É com orgulho que publico neste blogue a primeira colaboração da minha neta. A Leonor vai fazer onze anos. O continho que apresento não é o primeiro, nem há-de ser o último que ela escreve. A iniciativa foi da menina e nenhum adulto lhe melhorou o português. Neta de peixe...



O GENERAL SÉRGIO


Num país longínquo, chamado Termineira, vivia um homem com o nome de Sérgio. Trabalhava no quartel militar e era general. Era de estatura mediana, tinha mãos grandes, braços musculados, cara redonda, olhos pequenos, nariz grande e umas orelhas pequenas. Na Termineira todos tinham muito respeito por ele, mas achava-no um pouco antipático.

Todos os dias, ao levantar, dava trinta voltas ao quartel, levantava cinquenta vezes os pesos e fazia cem flexões e à noite repetia os mesmos exercícios. Nunca casou nem teve filhos e viveu sempre em casa da mãe.

A sua mãe chamava-se Arlete. Tinha 97 anos e era reformada. Era baixa, corcunda, gorda, tinha cabelos brancos, óculos redondos e tinha sempre uma bengala e uma mala para bater nos mais novos. Os habitantes da Termineira tinham medo dela, pois ela lhes batia e eles não a queriam atacar por ela ser idosa. A Dª Arlete tinha uma imensidão de orgulho no filho, pois no tempo dela os homens tinham de ir para a guerra e ser general era um cargo muito importante.

No dia 3 de Março, nos anos da rainha Leonor, rainha da Temineira, o Sérgio, os polícias e o resto dos militares estavam todos na resta. As ruas não estavam seguras e as pessoas estavam com muita liberdade. Apesar de toda a gente se estar a divertir muito, o Sérgio estava muito preocupado mas, se abandonasse a festa, muita gente iria reparar. O que iria ele fazer? De repente, Sérgio teve uma ideia: podia fingir estar com gripe.

- Desculpe, minha dama, parabéns, eu tenho de me ir embora, pois estou com gripe - pediu Sérgio, um pouco envergonhado, mas com a mesma voz grossa de sempre.

- Ai, pode ir, eu aviso os outros convidados - afirmou a rainha Leonor.

Quando voltou à Termineira não viu nada de preocupante, na rua não estava ninguém, a não ser uma senhora. Parecia ter a idade de Sérgio, era muito bonita e parecia estar perdida. Sérgio dirigiu-se a ela e com a voz grossa de sempre, perguntou:

- Está perdida?

- Sim, a rua está deserta.

- Claro, os polícias e os militares estão todos na festa da rainha Leonor. Agora toda a gente está em casa com medo, declarou Sérgio.

- Mas você, vestido à militar, não devia estar na festa? - Inquiriu a senhora.

- Devia, mas estava muito preocupado, por isso fingi estar doente.

-Ah... Já agora, como se chama?

- Chamo-me Sérgio e sou general no quartel militar - respondeu-lhe. E você?

- Eu sou Margarida e trabalho no jornal militar.

- Margarida Manaté! - Gritou Sérgio.

- Sim, sou eu. Conhece-me?

- Claro que conheço. Você é do quartel de Arnes. O que veio cá fazer?

- Fui despedida e resolvi vir trabalhar para o seu quartel, se puder.

- Não há dúvida que pode. Se quiser, começa já.

- Posso começar por lhe fazer uma entrevista? - Pediu Margarida.

- Seria um prazer.

- No fim da entrevista, Margarida perguntou:

- Tem algum sítio onde eu possa dormir esta noite?

- Sim, a minha mãezinha está em casa da minha irmã, pode dormir no quarto dela.

No mês seguinte, quando já todos conheciam a Margarida, ela ganhou o prémio de melhor jornalista e, no ano seguinte, Margarida e Sérgio casaram-se. Tiveram três filhos: o João, a Arlete e o Tomás.

Quando as crianças cresceram, os rapazes foram para a tropa e a Arlete ficou jornalista. A história que vos acabei de contar repetiu-se de geração em geração nesta família.


LEONOR BALTASAR




ESTOU VIVO E DE SAÚDE!


Tenho escrito pouco nos blogues. Olhem que é bom sinal...

Aproveito, geralmente, o tempo que medeia entre o fim de um livro e o começo de outro para produzir textos curtos e simples. Certo ou errado, é assim que eu entendo as "postagens" de artigos na Internet.

Desta vez, mal publiquei "República - Luz e Sombra", atirei-me ao "túmulo". Não morri... Limitei-me a iniciar a escrita de "O Túmulo de Camões". O título é provisório, mas a obra vai adiantada e poderá estar concluída no final de Abril.

Saúdo os amigos!