Com Poetas de quem eu gosto pretendo partilhar as lembranças de poetas e de poemas que me encantaram. Não tenciono respeitar cronologias, nem me passa pela cabeça alinhar os mestres da palavra e do sentimento segundo qualquer ordem de valor.
Começo com um grande nome chinês. Terá sido porque escrevi há pouco um pequeno artigo sobre a China. Acho que foi o poeta que apelou discretamente a que o reencontrasse, quando eu passeava os olhos pela estante dos versos.
Bai Juyi nasceu no vigésimo dia da Primeira Lua do ano de 772 em Henan, no centro da China. Publicou (com a reserva que a palavra tinha na época) os primeiros poemas em 786. Entrou cedo nos corações chineses. Homem de Estado e do povo, erudito e popular, espanta hoje pela sua quase inacreditável modernidade. Os versos que escolhi foram escritos há mil e duzentos anos.
BAI JUYI
SUBINDO AO TERRAÇO DE LINGYING,
OLHANDO PARA NORTE
Subindo à montanha,
entendo a pequenez dos domínios do homem,
olhando na distância,
entendo o vazio das coisas terrenas.
Volto a cabeça, regresso à corte e ao mercado,
como um bago de arroz caindo no grande celeiro.
TRABALHO
Ao nascer do dia, diante de mim, um monte de papéis,
ao pôr-do-sol, diante de mim um monte de papéis.
Passaram a beleza da manhã, o esplendor da tarde,
e eu acorrentado a uma mesa de trabalho.
PENSANDO EM HAN YU
Tem-se esquecido de mim o venerando Han,
talvez por ser um conhecedor, um entendido
e não apreciar o meu vinho vulgar.
Talvez por ser um homem de talento
e sorrir diante de meus humildes poemas.
Depois, habitamos diferentes lugares,
solitários dizemos poesia, bebemos nosso vinho
ele com suas flores, eu com o meu luar,
Uma coisa em comum nos aproxima
o vento da Primavera afaga nossos cabelos brancos como seda.
O DÉCIMO QUINTO VOLUME
Comovente, belo, o meu longo poema Canto do remorso perpétuo,
um modelo de melodia as minhas Dez canções de Shanxi.
Não posso proibir o velho Yuan de roubar minhas rimas,
mas o jovem Li já aprendeu a respeitar minha poesia.
Em vida, passaram ao lado riquezas e honrarias,
mas eu sei, depois de morrer, famosos meus poemas.
Perdoem-me as palavras à toa, a gabarolice,
hoje completei o décimo quinto volume das minhas obras.
SUBINDO AO TERRAÇO DE LINGYING,
OLHANDO PARA NORTE
Subindo à montanha,
entendo a pequenez dos domínios do homem,
olhando na distância,
entendo o vazio das coisas terrenas.
Volto a cabeça, regresso à corte e ao mercado,
como um bago de arroz caindo no grande celeiro.
TRABALHO
Ao nascer do dia, diante de mim, um monte de papéis,
ao pôr-do-sol, diante de mim um monte de papéis.
Passaram a beleza da manhã, o esplendor da tarde,
e eu acorrentado a uma mesa de trabalho.
PENSANDO EM HAN YU
Tem-se esquecido de mim o venerando Han,
talvez por ser um conhecedor, um entendido
e não apreciar o meu vinho vulgar.
Talvez por ser um homem de talento
e sorrir diante de meus humildes poemas.
Depois, habitamos diferentes lugares,
solitários dizemos poesia, bebemos nosso vinho
ele com suas flores, eu com o meu luar,
Uma coisa em comum nos aproxima
o vento da Primavera afaga nossos cabelos brancos como seda.
O DÉCIMO QUINTO VOLUME
Comovente, belo, o meu longo poema Canto do remorso perpétuo,
um modelo de melodia as minhas Dez canções de Shanxi.
Não posso proibir o velho Yuan de roubar minhas rimas,
mas o jovem Li já aprendeu a respeitar minha poesia.
Em vida, passaram ao lado riquezas e honrarias,
mas eu sei, depois de morrer, famosos meus poemas.
Perdoem-me as palavras à toa, a gabarolice,
hoje completei o décimo quinto volume das minhas obras.
valor da sua obra.
António Trabulo
Fonte: POEMAS DE BAI JUYI. Tradução de António Garcia de Abreu.
Instituto Cultural de Macau, 1991.
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