DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

sexta-feira, 12 de abril de 2013






                                AMÍLCAR CABRAL

                                  III
                 CABO VERDE

Em Cabo Verde, nos últimos meses, não há notícias escaldantes a explorar. Escolhemos duas que nos parecem ter algum significado, tanto atual como prognóstico.

A SEMANA, primeiro diário cabo verdiano em linha, em 9/4/2013.
FITCH BAIXA RATING DE CABO VERDE DE ESTÁVEL PARA NEGATIVO
A agência Fitch baixou rating de Cabo Verde de estável para negativo, o que torna o país menos atrativo para os investidores. Esta perspetiva negativa constitui também mais um obstáculo no acesso ao crédito internacional, numa altura em que se aproxima o término da transição para País de Rendimento Médio, alcançado em 2008.
O crescimento do PIB cabo-verdiano foi mais fraco do que as previsões. A estimativa é agora de 2,6%, em lugar de 5,1%. O défice orçamental subiu de 9,5 em 2012 para 12,3 em 2013. A expansão da base tributária em 2013, com a introdução de vários impostos, foi neutralizada pelos aumentos dos custos de salários públicos, bens e serviços.

A SEMANA (também a 9/4/2013)
FERNANDA MARQUES ABRE CONFERÊNCIA SOBRE MEIO AMBIENTE
Fernanda Marques, Ministra da Educação e Desportos, abre esta quinta-feira, 04, a 2ª edição da Conferência Nacional Infanto-Juvenil  pelo Meio Ambiente, no Salão Josina Machel do Liceu Domingos Ramos, cidade da Praia.
O Ministério da Educação e Desporto pretende desenvolver nos sistemas de ensino a preocupação com o ambiente, em especial com as mudanças climáticas e a proteção do ambiente costeiro e marítimo.

As preocupações parecem radicalmente diferentes em cada um dos países apreciados. Aceitamos que a escolha das notícias possa ser criticada. No entanto, não procurámos influenciar os leitores, mas apenas fornecer-lhe termos de comparação. Apesar da pobreza do território e do flagelo das secas, a República de Cabo Verde é uma das democracias mais amadurecidas de África. As estatísticas permitirão uma comparação mais aproximada das duas realidades.
Superfície – 4.000 quilómetros quadrados
População – 500.000 habitantes
Economia – A agricultura é frágil. Cerca de 90% dos produtos alimentares consumidos são importados. As exportações de pescado são reduzidas. Os serviços (comércio, transportes e serviços públicos) formam cerca de 70% do PIB. As remessas de emigrantes constituem perto de 20% do PIB. O turismo contribui de forma crescente para a formação de riqueza no arquipélago. O número de visitantes anuais já ultrapassou o da população local. Entre 2000 e 2009, o PIB cresceu anualmente cerca de 7%.
Rendimento per capita – 3.947 dólares (International Monetary Fund, 2011)
Saúde – A população cabo-verdiana é das mais saudáveis de África. A prevalência da SIDA e da malária são relativamente baixas.
Expectativa de vida ao nascer - 77.7  anos para o sexo feminino e 70,5 para o masculino.
Mortalidade materna (número de mortes de mãe por cada 100.000 nados vivos) – 79 (Fonte: CIA, World Factbook na Wikipedia).
Mortalidade infantil até 1 ano, por 100.000 nados-vivos - 26,02 (Estimativas da CIA World Factbook, na Wikipedia).

Seriam a Guiné – Bissau e Cabo Verde muito diferentes do que são hoje se Amílcar Cabral não tivesse existido? A dúvida permanece. Muitos historiadores retiram importância às individualidades no desenrolar do processo histórico. Escreveu Julião Soares, guineense e biógrafo de Amílcar: tornou-se moda, no decurso das últimas décadas, menorizar o papel das lideranças na formação da História, processo que envolve necessariamente o contributo de grandes massas populares. Sendo fútil reduzir o processo histórico à enumeração dos chefes e dos seus feitos, será limitativo ignorar o papel de alguns líderes que souberam interpretar claramente as aspirações dos seus povos em determinados períodos e acelerar ou lentificar as mudanças em curso.

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