DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

terça-feira, 5 de julho de 2011

PROMESSAS DE VIDA




Celestino Leston Bandeira vai publicar um livro de poemas a que chamou "Promessas de Vida". Leston Bandeira é jornalista com um currículo vasto, dividido entre o trabalho radiofónico e a imprensa escrita. Dirigiu, durante cerca de uma dezenas de anos, o jornal "África". 
O período aventuroso da sua vida, por altura da descolonização, foi adaptado por dois autores diferentes para a construção de personagens de romance. Quem ler a minha obra "Retornados" poderá reconhecer alguns passos do seu percurso. Do outro livro não falo, por não ter sido mandatado para tal...
Somos amigos de longa data (para nós, "longa data" quer dizer mais de meio século). Facultou-me a leitura prévia do seu trabalho.
Transparece, nos seus versos, o empurrão da História, que o mandou para onde não queria estar:

Hoje é o dia da desesperança
Do dia de amanhã.
A fatalidade de viver onde não conheço ninguém
E só identifico algumas árvores.

Leston Bandeira divide o seu livro em seis capítulos que intitula Caminhos Trilhados, No Topo da Montanha, A Solidão das Palavras, Promessa de Redenção, Um Homem Independente e Renato Cardoso. Os quatro últimos títulos são retirados de poemas que considera mais significativos ou a que pretende dar maior relevo. O texto não obedece à cronologia, abraçando versos escritos em alturas diferentes da vida. Muitos não são datados. Terão sido repensados ao longo dos anos. Entre os que têm o natal assinalado, o mais antigo remonta a 1977 e o mais recente a 2011.
1977, 1979, 1982 e 2010 foram os anos mais fecundos. Salta à vista, na sua obra, a urgência e a complexidade da comunicação que condicionou boa parte da sua vida.

A importância da palavra escrita
Abate-me.
O que eu preciso
É que bebam as minhas palavras
O que eu quero é escrever na alma da gente.

Tecnicamente, a escrita não deslumbra. O jornalista espreita sempre atrás do poeta. Há linhas de força que sobressaem e encantam, neste conjunto de poemas com fundo autobiográfico: a sinceridade, a intensidade dos sentimentos, o testemunho, a determinação, a revolta e o amor.
Fiquei com um poema nos olhos: "Um Homem Independente", que o autor dedica ao avô, é claramente o meu favorito.

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