DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

domingo, 6 de dezembro de 2009

A CIDADE E O PORTO DE LOURENÇO MARQUES HÁ 120 ANOS


No final do século XXIX, os portugueses fundaram a povoação de Lourenço Marques (Maputo) numa língua de areia da baía que alguns chamavam da Lagoa e outros da Boa Morte, situada no ponto em que desaguam no Oceano Índico as águas dos rios Lagoa, Manhiça e Maputo. Os povos moçambicanos opunham-se à ocupação estrangeira, e a feitoria teve de ser muralhada.
Há cento e trinta anos, Lourenço Marques ocupava a área abrangida pelas ruas depois chamadas Consigliére Pedroso e Araújo, e era limitada pelas muralhas de uma fortificação. Os terrenos conhecidos pelo Cântano, e os ocupados pela Avenida da República eram cobertos de água, pelo menos durante as marés cheias.
A população da cidade não parava de crescer. Em 1882, o major de engenharia Joaquim José Machado foi encarregado de proceder aos primeiros estudos da linha de caminho de ferro. A área que Lourenço Marques ocupava não podia comportar o desenvolvimento que a construção da via férrea iria trazer à cidade.
Na altura, o governo geral da Colónia sediava-se na ilha de Moçambique. Em Lourenço Marques, mandava o governo do distrito, que se opunha ao derrube da fortificação. A população branca receava os ataques dos indígenas que viviam nos domínios da rainha de Marracuene.
O major Joaquim Machado considerava os receios infundados e assumiu sozinho, em 1885, a responsabilidade de extinguir as fortificações. As fundações assentavam em areia solta e o trabalho fez-se durante a noite, com rapidez e sem ruído. Uma grande extensão das muralhas foi escavada pelo lado de fora e derrubada. Ao amanhecer, os habitantes da cidade deram com boa parte da fortaleza deitada abaixo.
Deste modo, um acto de indisciplina de um militar português contribuiu para a expansão da cidade.
A gravura que apresentamos data de cerca de 1890 e mostra o aspecto do Maputo pouco tempo depois do derrube das muralhas.



Referências:


Duarte Veiga, O Mundo Português nº 9 e 10, Setembro e Outubro de 1934.

Joel Serrão, Dicionário da História de Portugal.

Fotografia: O Mundo Português, nº 62, Fevereiro de 1939.




Publicado anteriormente no blogue Nova Águia

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