DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019



LOMONOSSOV, LAVOISIER 

E O BIG BANG

Mikhail Lomonossov

O jornal “Público” de sexta-feira, dia 27 de dezembro, trazia um interessante artigo de Teresa Firmino sobre os quasares e os buracos negros. A jornalista preparou cuidadosamente o seu trabalho e fê-lo assentar, em parte, numa entrevista feita ao astrofísico português Tiago Costa.
Para benefício dos leitores, transcrevo, truncadas, algumas informações. “Um quasar é o núcleo ativo de uma galáxia. A sua luminosidade pode exceder a luminosidade combinada de todas as estrelas da galáxia onde se situa. Pensa-se que a grande quantidade de energia libertada por um quasar é gerada por material em queda para um buraco negro. Os buracos negros têm uma gravidade tão forte que nem a luz de lá consegue sair”.
Mais adiante, a articulista cita o astrofísico: “ os primeiros quasares formaram-se em galáxias singulares, à volta das quais existem vastas quantidades de gás que alimentam continuamente a formação de estrelas e o crescimento dos buracos negros que residem nos seus núcleos”.
Cumprimento Teresa Firmino pelo seu artigo e Tiago Costa pela sua participação num grande projeto internacional de investigação. A jornalista faz uso da teoria do início do Universo, tal como (julgo eu) é ensinada nas escolas: “A idade atual do Universo anda à volta de 13.800 milhões de anos, quando ocorreu o Big Bang que deu origem a tudo, ao espaço e ao tempo”.   
Lá se entornou o caldo… Então o Espaço e o Tempo tiveram começo e poderão ter fim? No final do Espaço haverá alguma parede a delimitá-lo? E se existe, que haverá para além dela? Quem a construiu? E o que é que existia antes do começo do Tempo? Não digo “na véspera”, por ser uma noção conotada com a rotação do nosso planeta…
Essas perguntas são velhas. Fazem-se na fronteira entre a Física e a Filosofia e vêm sendo repetidas há centenas, talvez há milhares de anos. A melhor resposta que conheço para elas foi dada por Antoine-Laurent de Lavoisier, que foi guilhotinado pelos seus compatriotas em maio de 1794, alegadamente por ter posto à venda tabaco adulterado.

                             Lavoisier
Lavoisier é considerado um dos fundadores da química moderna. Identificou o oxigénio e o hidrogénio e descobriu a composição da água e o papel do oxigénio na combustão. Escreveu a primeira lista de elementos químicos e formulou o princípio de conservação da matéria, segundo o qual “na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. O essencial da ideia tinha sido exposto, 14 anos antes pelo grande cientista russo Mikhail Lomonossov, sem que as suas descobertas fossem divulgadas fora das fronteiras da Rússia.

                    Os "buracos negros não são visíveis
Tenho lido recentemente um ou outro artigo que contesta timidamente a teoria do Big Bang. Que é que acontece a um buraco negro a dada altura da sua evolução? Provavelmente explode. Teremos outro “Big Bang” e uma nova porção de Universo. O artigo refere (e bem) a madrugada cósmica. No meu modo de ver, os criadores da teoria do Big Bang viram a árvore sem discernirem a floresta. A nível cósmico tais explosões não passarão de novas madrugadas.
Há conceitos que parecem óbvios, pelo menos para os ateus, como eu. No Cosmos, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. 
    Nem o Espaço, nem o Universo têm limites. O Tempo não teve início, nem terá fim. Se uma porção do Universo se estiver a dilatar, outras, mais ou menos distantes, estarão a encolher.
Curiosamente Lavoisier não sabia  que era filósofo... 



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