FOZ COA
Voltei a Foz Coa, a terra
do meu pai. Diz-se, aliás, que todos os Trabulos têm origem na região.
Em visitas anteriores,
fotografei o que a cidade tem de belo. Desta vez, deixei-me levar por um
diabinho e fui fixando a objetiva da câmara nos sinais de decadência.
Embora Vila Nova de Foz
Coa tenha vida própria, mesmo antes do verão e da chegada dos emigrantes, notam-se,
mesmo em ruas centrais, vestígios do abandono a que o interior do nosso país
parece condenado.
Nem o facto de se juntarem ali dois Patrimónios Mundiais da
UNESCO, o Alto Douro Vinhateiro e as Gravuras Rupestres do Vale do Coa, anima
suficientemente a povoação.
Para não deixar uma ideia
demasiado severa da terra onde tenho metade das raízes, registo o interior da
Igreja de Nossa Senhora do Pranto, que permanece robusta, mesmo com as colunas
inclinadas pelo terramoto de 1755, e a estátua da Senhora que deu o nome ao
edifício.
Permaneceu (diz-se) centenas de anos na frontaria, até que a chuva, o
vento e os dejetos das aves lhe mudassem a cor da pedra. Mantém alguma
serenidade no rosto, mesmo a chorar o filho morto.
Sem comentários:
Enviar um comentário