DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

segunda-feira, 23 de julho de 2018



FOZ COA

Voltei a Foz Coa, a terra do meu pai. Diz-se, aliás, que todos os Trabulos têm origem na região.


Em visitas anteriores, fotografei o que a cidade tem de belo. Desta vez, deixei-me levar por um diabinho e fui fixando a objetiva da câmara nos sinais de decadência.


Embora Vila Nova de Foz Coa tenha vida própria, mesmo antes do verão e da chegada dos emigrantes, notam-se, mesmo em ruas centrais, vestígios do abandono a que o interior do nosso país parece condenado.


 Nem o facto de se juntarem ali dois Patrimónios Mundiais da UNESCO, o Alto Douro Vinhateiro e as Gravuras Rupestres do Vale do Coa, anima suficientemente a povoação.


Para não deixar uma ideia demasiado severa da terra onde tenho metade das raízes, registo o interior da Igreja de Nossa Senhora do Pranto, que permanece robusta, mesmo com as colunas inclinadas pelo terramoto de 1755, e a estátua da Senhora que deu o nome ao edifício. 


Permaneceu (diz-se) centenas de anos na frontaria, até que a chuva, o vento e os dejetos das aves lhe mudassem a cor da pedra. Mantém alguma serenidade no rosto, mesmo a chorar o filho morto.




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