DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011


                                 


                  ABRIL

                      I

  No arrastar da noite permitida
  pranteámos o desencanto

  e no tear difícil das vontades
  invocámos o dia depois.

  Quando a navalha de luz disse manhã
  no ventre escuro da terra antiga e amarga,

  ofuscou-nos e quase nos cegou
  aquele alvorecer desencoberto.



                  ABRIL

                      II

  Lisboa decretou a primavera
  e riu-se, desdentada.
  Era a festa.

  Soltas da gaiola da cidade
  as casas,
  de asas mouras,
  pestanejaram nos céus

  e foram as gaivotas assombradas
  chamar de volta os marinheiros velhos:

  Ao Tejo! Ao Tejo! E à terra morna
  de vinho e azeitonas.

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