Contam-se hoje oito anos passados sobre a morte de Jonas Malheiro Savimbi.
Ainda me lembro dele, nos tempos do Liceu, em Sá da Bandeira. Era um negro elegante e muito educado, protegido pelos Irmãos Maristas. Naquela época, não era conhecido por Savimbi. Toda a gente lhe chamava Jonas.
Duas décadas mais tarde, as suas imagens apareceram em toda a parte: jornais, televisão e revistas. Mudara. Tive dificuldade em reconhecê-lo e perguntei à gente da minha idade:
- É mesmo o Jonas?
Era. Liderava a UNITA. O seu Movimento chegou a colaborar com os militares portugueses no Leste de Angola, por volta de 1973, durante a famosa Operação Madeira. Anos depois, aliou-se aos sul-africanos. Para enfrentar o MPLA, até se teria juntado ao diabo. Pretendia ganhar um lugar ao sol da futura independência.
Desempenhou o papel que a História lhe reservara. Ele, que nunca foi um democrata, cresceu com a democracia. Arrastava multidões atrás da sua palavra. Terá sido um dos maiores oradores da África moderna. Dizem as más línguas que, nos seus longos discursos, perspectivava, ao falar em umbundo para os negros que o escutavam, uma realidade bem diferente da que prometia aos seus ouvintes europeus.
Foi abatido em 22 de Fevereiro de 2002.
Não se pode saudar a morte de um homem que combateu pelo seu povo, mas podem dar-se vivas à paz que se lhe seguiu.
Fotos: Comício - Fernando Castro. Savimbi: Internet.
Também publicado em Milhafre.
Não sabia que tinham andado no Liceu na mesma altura: tu e o Jonas. Muitas estórias tens para contar.
ResponderEliminarEssa vida no Gil Eanes é que precisa ser mais destapada.
Abraço