ESTE LIVRO É CONSTRUÍDO
SOBRE DOIS MODOS
ADVERSOS
DE OLHAR O MUNDO
Como lágrimas que escorrem por um dos lados do rosto e não sabem do sofrer da outra face, há rios que deslizam por vertentes opostas da mesma montanha. Cada um entende apenas a sua encosta.
Os homens gostam de nomear as coisas. Poderemos chamar a um Rio dos Brancos e ao outro Rio dos Negros. África será a designação da cordilheira que os separa e une.
As correntes seguem trajectos com algum paralelismo. Os caudais aproximam-se, uma vez por outra. Tocam-se, mas não juntam as águas.
O primeiro ponto de vista é o de quem partilha as crenças tradicionais africanas e se apercebe da ocorrência de mudanças, lentas mas definitivas, no modo de encarar as relações com os vivos e com os antepassados. O segundo é o do missionário que propaga, em Angola, a sua fé e participa, de certo modo, no processo colonial.
A dada altura da viagem, os personagens que dão voz aos rios apercebem-se do final das suas jornadas. Olham para trás, e vêem que não há retorno possível. O tempo gastou-se. Deus perdeu a paciência.
No entanto, não é o mundo que vai acabar. É apenas a maneira como eles o vêem. A montanha permanece, firme e quase imutável. Os fios de água secam e extinguem-se, para que nasçam outros, que experimentarão percursos novos.
Aqui e ali, o autor faz uso de parábolas. Dá chão ao conjunto das suas narrativas numa região limitada do Sul de Angola, e nem sempre respeita a cronologia. As conclusões poderão (ou não) aproximar-se da evolução do modo de pensar de quem experimentou a mesma vivência noutros países, em épocas diferentes.
Não se apressem a avaliar o estranho viajante que vão acompanhar ao longo do livro! Com o voltar das páginas, mesmo que o não tratem por tu, irão sentir-se próximos dele. Poderão constatar que exagerou quem, ao traduzir o termo “Dumba-ia-munto” para português, escolheu a palavra “diabo”.
Os homens gostam de nomear as coisas. Poderemos chamar a um Rio dos Brancos e ao outro Rio dos Negros. África será a designação da cordilheira que os separa e une.
As correntes seguem trajectos com algum paralelismo. Os caudais aproximam-se, uma vez por outra. Tocam-se, mas não juntam as águas.
O primeiro ponto de vista é o de quem partilha as crenças tradicionais africanas e se apercebe da ocorrência de mudanças, lentas mas definitivas, no modo de encarar as relações com os vivos e com os antepassados. O segundo é o do missionário que propaga, em Angola, a sua fé e participa, de certo modo, no processo colonial.
A dada altura da viagem, os personagens que dão voz aos rios apercebem-se do final das suas jornadas. Olham para trás, e vêem que não há retorno possível. O tempo gastou-se. Deus perdeu a paciência.
No entanto, não é o mundo que vai acabar. É apenas a maneira como eles o vêem. A montanha permanece, firme e quase imutável. Os fios de água secam e extinguem-se, para que nasçam outros, que experimentarão percursos novos.
Aqui e ali, o autor faz uso de parábolas. Dá chão ao conjunto das suas narrativas numa região limitada do Sul de Angola, e nem sempre respeita a cronologia. As conclusões poderão (ou não) aproximar-se da evolução do modo de pensar de quem experimentou a mesma vivência noutros países, em épocas diferentes.
Não se apressem a avaliar o estranho viajante que vão acompanhar ao longo do livro! Com o voltar das páginas, mesmo que o não tratem por tu, irão sentir-se próximos dele. Poderão constatar que exagerou quem, ao traduzir o termo “Dumba-ia-munto” para português, escolheu a palavra “diabo”.
(Prólogo de livro a publicar na Primavera)
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