DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

domingo, 29 de novembro de 2015


SINOPSE DA HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO 

DE ANGOLA


I

DE DIOGO CÃO A  PAULO DIAS DE NOVAIS


Desde as viagens de Diogo Cão, de 1483 a 1486, até às explorações levadas a cabo por Hermenegildo Capelo, Roberto e Ivens e Alexandre Serpa Pinto, entre 1877 e 1875, a história da presença portuguesa em Angola decorreu de forma lenta e progressiva. Não fossem os abalos provocados pela tentativa holandesa de substituição dos interesses portugueses na costa ocidental de África, em 1641, interrompida em 1647 pela intervenção dos homens e navios de Salvador Correia de Sá e Benevides, e tudo se resumiria a uma sucessão de pequenos combates e ao fazer e desfazer de alianças com os sobas que dominavam o interior, tendo como fim principal a aquisição de escravos, exportados essencialmente para os engenhos de açúcar do Brasil. Os portugueses tornaram-se exímios em aproveitar as rivalidades entre reinos e sobados e foram estendendo aos poucos as suas áreas de influência.
A instalação progressiva de presídios, ocupados por degredados e pelos seus guardas, deu apoio aos negociantes que se aventuravam pelo interior do território


Em 1483, Diogo Cão chegou ao Zaire e enviou emissários rio acima, numa primeira tentativa de estabelecer contacto com o rei do Congo. Abandonou-os e prosseguiu a viagem para sul, até ao cabo Lobo, tencionando recolhê-los no regresso. De volta, fundeou na foz do grande rio e esperou algum tempo pelos seus embaixadores. Como eles não vieram, fez alguns reféns africanos e rumou a Lisboa.


Diogo Cão regressou ao Zaire dois anos depois e, acompanhado por um guia, subiu o rio até às cataratas de Ielala, a 90 milhas da foz. Recuperou os seus emissários, por troca com os prisioneiros de torna-viagem. Começavam as relações entre os reinos de Portugal e do Congo.

         Inscrições de Diogo Cão em rochas da foz do tio Mponzo

A nossa presença militar em África foi quase sempre complementada com a ação missionária. O missal e o arcabuz davam-se bem e ganhavam força acrescida ao atuarem juntos.


O tráfico de escravos continuou sempre a crescer. A partir de 1530 intensificou-se, com a multiplicação dos engenhos de açúcar no Brasil. As outras exportações do território de Angola eram o marfim e o cobre.
Em 1543, aproximaram-se do litoral norte de Angola os imbangalas, tribos jagas guerreiras provenientes de leste. Começaram por enfrentar os portugueses, mas acabaram por se tornar seus aliados nas lutas contra os potentados regionais.
As relações dos portugueses com o reino do Ndondo, que ia do rio Dande, a norte de Luanda, até além do Cuanza, a sul, tiveram um início complicado. Ndondo ficava a sul do grande reino do Congo e prestava-lhe vassalagem.  Em 1560, Catarina de Áustria, viúva de D. João III e regente do reino, enviou ao Ndondo uma embaixada dirigida por Paulo Dias de Novais. O rei fez-se caro e Paulo Dias esperou meio ano, na foz do Cuanza, pela autorização para viajar para o interior. Chegada a Cabassa, a embaixada foi retida na corte durante cinco anos. Quando o rei a deixou regressar, guardou ainda como reféns os padres jesuítas que a integravam.


Paulo Dias regressou a Angola em 1575, comandando uma frota considerável que aportou à Ilha de Luanda. A ilha, então chamada "das cabras", delimitava uma baía com um excelente porto natural. Estavam lá estabelecidos cerca de 40 portugueses. A ilha era importante por fornecer conchas de zimbo, que serviam de moeda.
    Os navios transportavam 700 homens. Metade eram soldados. Os outros eram mercadores, funcionários, religiosos e artífices, incluindo sapateiros, pedreiros e alfaiates. O objetivo da expedição era retirar ao reino do Congo o monopólio do fornecimento de escravos. A partir de então, o tráfico passou a fazer-se também a sul do rio Dande.
No ano seguinte, Paulo Dias fundou Luanda. Ali, a água potável abundava e o morro, que foi chamado de S. Paulo, constituía uma boa posição defensiva.


 A população branca teve dificuldade em adaptar-se ao clima e padeceu com as doenças tropicais. Ainda assim, a povoação foi-se alargando e dividiu-se em “cidade alta”, a zona nobre, destinada às autoridades civis e religiosas e a “cidade baixa”, onde se instalava a maioria dos habitantes.
Organizavam-se as primeiras expedições armadas para a conquista do interior. Os sobas locais resistiam e o sucesso dos combates variava. Aos poucos, e com a ajuda dos imbangalas, os portugueses foram alargando a sua área de influência.


Foi Paulo Dias de Novais quem fundou o primeiro presídio português em terras de Angola: Massangano.

Fonte: Fonseca Santos, H. A conquista de Angola; Os três reinos. Chiado Editora, Lisboa, 2013.
Imagens: Internet.

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