DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011



                         GREGÓRIO DA QUADRA

O Congo era considerado a porta de entrada para a Etiópia, reino do Preste João, eventual aliado da cristandade na luta contra o Islão.



Por volta de 1520, D. Manuel I incumbiu Gregório da Quadra da missão de ligar, por terra, os reinos do Congo e da Abissínia. Parece tolice a quem olhar, nos dias de hoje, um mapa de África, mas o conhecimento da geografia mundial foi um processo lento e progressivo.



Gregório tinha um curriculum invulgar. Antigo capitão de caravelas, viajante pela Pérsia e pelas margens do Mar Vermelho, foi aprisionado e feito escravo em Aden. Escapou-se e, por sorte e intrepidez, pôde alcançar Ormuz. Aprendeu a língua árabe nas caravanas de camelos e aperfeiçoou-a nos calabouços de Aden. Converteu-se ao Islão: em Roma, sê romano! Era um muçulmano-novo.  A crença no Corão, perdeu-a ao retomar a liberdade.



Foi enviado para Pinda. Esse nome é comum em África. Existem Pindas em Angola, junto a Porto Alexandre, na África do Sul, no Gana e em Moçambique. Julgo que a Pinda de Gregório da Quadra é uma povoação situada um pouco a sul da foz do rio Zaire, perto de Conde, Soyo e Porto Rico.
O rei do Congo, D. Afonso, não se mostrou colaborante e Gregório da Quadra acabou por regressar a Portugal.  «… enfadado dos trabalhos do mundo, se meteo frade na Ordem de S. Francisco dos Capuchos descalços, õde acabou sua vida…»


Referências:
Do Cabo de Stª Catarina à Serra Parda. Carlos Alberto Garcia. Edições CITA, 1971.
De Angola à Contra Costa, Capello e Ivens, Imprensa Nacional, Lisboa, 1886.

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