DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

 

A JU DEIXOU-NOS



 

         A Ju faleceu no dia 16, após uma doença prolongada.

O nosso relacionamento com ela começou muito cedo. Foi colega da minha irmã Fernanda em Sá da Bandeira (Lubango) em 1959. Já lá vão 62 anos.

Em Coimbra, eu, o Calucha, com quem casou, e o irmão dele Zé vivemos na mesma república, o Quimbo dos Sobas.

A Ju e o Calucha aproximaram-se mais de nós quando a nossa filha Marisa nasceu. Ela estava grávida do Luís.

Estabeleceu-se uma amizade forte que nunca iria abanar. As nossas famílias estavam longe, em Angola. Fomos família uns dos outros e passámos muitos natais juntos.

A Júlia foi uma excelente profissional. Raramente faltava a uma aula e preparava sempre as lições com muito cuidado. Tinha carinho pelos alunos.

Mulher de cultura, aproximou-me de grandes escritores alemães, como Goethe e Rainier Maria Rilke.

Boa filha, boa esposa e boa mãe, foi também uma excelente amiga. Era madrinha da nossa neta, que não compareceu ao funeral por se encontrar na Croácia. Tinha muito carinho pelo Duarte, pelo Francisco e pelo António. Como o Vasco, o nosso neto mais pequenino, travou grandes batalhas no jogo do galo.

Como a casa dela ficava perto do Ciclo e do Liceu, as minhas filhas e, mais tarde, os meus netos Francisco e António, almoçaram regularmente em casa dela uma vez por semana e foram recebendo umas ensaboadelas de inglês.

Pessoa sensata, equilibrada e equilibradora, viu a vida marcada por duas tragédias, a morte do pai em criança e a do marido, muito cedo. Reagiu ao infortúnio, educou bem os filhos e espalhou tranquilidade e alegria em seu redor.

Perdemos a Ju. Ficámos todos mais pobres. 

 





 

5 comentários:

  1. Obrigado, Trabulo.
    Um texto sentido e uma bonita homenagem à minha mãe.

    Um grande abraço,

    Luís Marvão

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  2. Obrigada Trabulo!
    Tens toda a razāo ,a minha mãe emanava tranquilidade e serenidade. Uma mãe e mulcher inegualável! Beijinhos Marina

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  3. Eu gostava muito da tia Julia, a tia Boneca como chamávamos. Um beijinho grande para a Marina e um forte abraço para o Neco.

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