AMÍLCAR CABRAL
XLVII
A COLABORAÇÃO INTERNACIONAL E O ARMAMENTO
Os exércitos regulares normalizam o seu
armamento de forma a utilizarem sempre os mesmos tipos de munição e a facilitarem
a trocas de peças. O PAIGC tinha de aceitar o que lhe ofereciam. Os seus
guerrilheiros utilizaram, por exemplo oito tipos diferentes de pistolas-metralhadoras.
Entre elas, a PPSH-41, de calibre 7,62 e com tambor para 71 munições, fornecida
pela União Soviética, ficou conhecida como "costureirinha", devido ao som que produzia ao disparar.
Marrocos
e a Checoslováquia foram os primeiros países a fornecer material de guerra ao
PAIGC. Com o decorrer do tempo, as ajudas diversificaram-se. Acabou por ser a
União Soviética quem disponibilizou o apoio mais valioso.
O PAIGC
instalou um depósito de material de guerra na República da Guiné, mas nunca
dispôs de grandes reservas de armamento. As armas e as munições chegavam quando
calhava. O reabastecimento era irregular. Ocasionalmente, os combatentes
puderam contar apenas com as munições contidas nos carregadores das armas
individuais.
Era
preciso fardamento. O Egito ofereceu uniformes às primeiras unidades de
guerrilha.
Cuba
contribuiu com instrutores de artilharia que deram formação num campo de treino
militar instalado pelo PAIGC em Sili, na zona de Biambe.
Em 1973, já perto do fim do conflito, um relatório do Comité de Libertação da OUA, enumerava as necessidades de material de guerra do PAIGC para o ano seguinte. A lista incluía
artilharia de longo alcance, material de transmissões, mísseis terra-ar
portáteis, viaturas blindadas, vedetas rápidas, barcos de borracha para os
rios, minas aquáticas e navios de longo curso para ligações com as ilhas de
Cabo Verde. Não terá chegado tudo, mas o preço teria de ser elevado. Não poderia seria suportado pela soma dos orçamentos anuais (nos dias de hoje) do conjunto dos estados da Guiné e de Cabo Verde. Havia quem
investisse nas independências.
Entre o armamento ao dispor do PAIGC existiam
diversas armas antiaéreas, foguetões, metralhadoras pesadas, espingardas Kalashnikov de calibre 7,62 mm, lança-rockets, canhões sem recuo,
morteiros, viaturas anfíbias, carros
de combate e uma grande variedade de minas (antipessoais, anticarro e aquáticas).
O
foguetão GRAD calibre 122 era uma variante portátil do Katyusha, passível de
ser lançado por um único tubo. O lançador de foguetes múltiplos Katyusha foi
utilizada pelo Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial. Era
disparado a partir de multilançadores transportados por camiões ou tratores.
Foi apelidado na época de "Órgão de Estaline" pelas tropas alemãs. A
sua precisão nunca foi grande. Eram necessários muitos foguetes para destruir
um objetivo. No entanto, os disparos sucessivos assustavam o inimigo. O GRAD foi o míssil
mais utilizado nos ataques por foguetões na Guiné. O seu alcance variava entre
os 10.000 e os 20.000 metros.
Os mísseis terra-ar SAM-7 Strella tinham chegado nesse ano. Abateram vários
aviões e helicópteros portugueses, precipitando o final dos combates, a
demissão de Spínola e a revolução de Lisboa.
O PAIGC não chegou
a dispor de aviação eficaz. Estiveram na União Soviética, a frequentar cursos
de pilotagem, cerca de trinta militares seus.
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