DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

quinta-feira, 11 de abril de 2013


                           AMÍLCAR CABRAL

                                                II

           GUINÉ-BISSAU

     As realidades económicas, sociais e culturais das duas antigas colónias portugueses na África Central eram substancialmente diferentes no tempo de Amílcar Cabral e continuam a sê-lo hoje em dia. Vamos abordá-las separadamente. Começaremos por esboçar retratos actuais da situação na Guiné-Bissau e em Cabo Verde.
Como ponto de partida, escolhemos, para cada país, a revisão de artigos recentes da imprensa lusófona.



PÚBLICO, Lisboa, 7 de Abril de 2013.
Militar guineense foi preso em alto mar por dois agentes americanos que se fizeram passar por traficantes de droga.
A brigada de combate ao tráfico de droga dos Estados Unidos da América desenvolveu, a partir de Agosto do ano passado, uma operação que conduziu à captura, em alto mar, de um dos mais importantes oficiais generais guineenses. O almirante José Américo Bubo Na Tchuto foi preso e compareceu já perante um juiz, em Nova Iorque.
Os agentes da Drug Enforcement Agency (DEA) que efetuaram a prisão fizeram-se passar por negociantes de droga. O almirante Na Tchuto, um antigo combatente da guerra de libertação, supunha estar a contactar com um fornecedor de droga e com um intermediário. Estava referenciado desde 2006 como um elemento importante de ligação dos narcotraficantes latino-americanos às Forças Armadas Guineenses. Receberia um milhão de dólares por cada operação. A droga (cocaína) destinava-se aos Estados Unidos e à Europa.
O mesmo jornal desenvolvia a notícia no dia seguinte.
O ex-chefe do Estado Maior da Marinha da Guiné, ainda ligado ao poder em Bissau, era um dos elos de ligação numa rede de venda de droga e armas desmontada pelos Estados Unidos.
O almirante Bubo Na Tchuto foi preso no alto mar, perto da zona marítima de Cabo Verde. Nas negociações com os supostos negociantes de droga apresentaria as suas próprias condições e também (alegadamente) as do seu país, para permitir o trânsito de drogas pelo território guineense. A cocaína seria escondida em caixas de uniformes militares. 
Juntamente com Na Tchuto, foram também capturados mais dois  cidadãos guineenses. Outros dois foram presos, aparentemente no mesmo dia, num país não especificado da África Ocidental. Na segunda parte da mesma operação e no dia em que o almirante guineense foi apresentado a tribunal, foram capturados em Bogotá dois narcotraficantes colombianos. Tanto estes como dois dos guineenses foram indiciados por ligações às FARC colombianas.
Bubo Na Tchuto terá ajudado o atual chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, António Indjai, a consolidar o poder quando do golpe de 12 de Abril de 2012. 
O almirante detido terá declarado aos agentes que o iludiram que a fragilidade atual das instituições guineenses tornava o país propício a este tipo de negócios. 
É o vice-chefe do Estado-Maior, general Mamadu Ture Kuruma quem atualmente dirige o país nesta fase de transição. Tem estabelecido contactos com os partidos da oposição.
Há quem diga e escreva que a Guiné-Bissau é um estado falhado. Os heróis da independência têm-se matado uns aos outros em golpes de estado sucessivos. 
Vamos registar aqui alguns dados estatísticos sobre o país.
Superfície – 36.000 quilómetros quadrados.
População – 1.600.000 habitantes
Economia - continua a basear-se na agricultura e na pesca.
Rendimento per capita –  1.144 dólares (International Monetary Fund, 2011). É um dos mais baixos do mundo. Abaixo, há apenas 16 nações numa lista de 185. Mais de dois terços dos habitantes vivem abaixo do limiar de pobreza.
Mortalidade infantil até 1 ano (por cada 100.000 nados-vivos) – 94,4 (Estimativas da CIA World Factbook, na Wikipedia)
Mortalidade materna (número de mortes de mão por cada 100.000 nados-vivos) – 790. (Fonte: CIA World Factbook, na Wikipedia).
Expectativa de vida ao nascer – 49 anos (sexo feminino), 47 (sexo masculino).
Os indicadores sanitários são preocupantes. O país dispõe de menos de 5 médicos para cada 100.000 habitantes. A malária continua a ceifar muitas vidas, enquanto 1,8% da população adulta está infetada com SIDA.


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