AMÍLCAR CABRAL
II
GUINÉ-BISSAU
As
realidades económicas, sociais e culturais das duas antigas colónias
portugueses na África Central eram substancialmente diferentes no tempo de
Amílcar Cabral e continuam a sê-lo hoje em dia. Vamos abordá-las separadamente. Começaremos por esboçar retratos actuais da situação na Guiné-Bissau e em Cabo Verde.
Como ponto de partida, escolhemos,
para cada país, a revisão de artigos recentes da imprensa lusófona.
PÚBLICO, Lisboa, 7 de Abril de
2013.
Militar
guineense foi preso em alto mar por dois agentes americanos que se fizeram passar
por traficantes de droga.
A brigada de combate ao tráfico de
droga dos Estados Unidos da América desenvolveu, a partir de Agosto do ano
passado, uma operação que conduziu à captura, em alto mar, de um dos mais
importantes oficiais generais guineenses. O almirante José Américo Bubo Na
Tchuto foi preso e compareceu já perante um juiz, em Nova Iorque.
Os agentes da Drug Enforcement
Agency (DEA) que efetuaram a prisão fizeram-se passar por negociantes de droga.
O almirante Na Tchuto, um antigo combatente da guerra de libertação, supunha estar a contactar com um fornecedor de droga e com um intermediário. Estava
referenciado desde 2006 como um elemento importante de ligação dos
narcotraficantes latino-americanos às Forças Armadas Guineenses. Receberia um
milhão de dólares por cada operação. A droga (cocaína) destinava-se aos Estados
Unidos e à Europa.
O mesmo jornal desenvolvia a
notícia no dia seguinte.
O
ex-chefe do Estado Maior da Marinha da Guiné, ainda ligado ao poder em Bissau,
era um dos elos de ligação numa rede de venda de droga e armas desmontada pelos
Estados Unidos.
O almirante Bubo Na Tchuto foi
preso no alto mar, perto da zona marítima de Cabo Verde. Nas negociações com os
supostos negociantes de droga apresentaria as suas próprias condições e também
(alegadamente) as do seu país, para permitir o trânsito de drogas pelo
território guineense. A cocaína seria escondida em caixas de uniformes militares.
Juntamente com Na Tchuto, foram também capturados mais dois cidadãos
guineenses. Outros dois foram presos, aparentemente no mesmo dia, num país não
especificado da África Ocidental. Na segunda parte da mesma operação e no dia
em que o almirante guineense foi apresentado a tribunal, foram capturados em Bogotá
dois narcotraficantes colombianos. Tanto estes como dois dos guineenses foram
indiciados por ligações às FARC colombianas.
Bubo Na Tchuto terá ajudado o atual chefe
do Estado-Maior-General das Forças Armadas, António Indjai, a consolidar o
poder quando do golpe de 12 de Abril de 2012.
O almirante detido terá
declarado aos agentes que o iludiram que a fragilidade atual das instituições
guineenses tornava o país propício a este tipo de negócios.
É o
vice-chefe do Estado-Maior, general Mamadu Ture Kuruma quem atualmente dirige o
país nesta fase de transição. Tem estabelecido contactos com os partidos da
oposição.
Há quem diga e escreva que a Guiné-Bissau é
um estado falhado. Os heróis da independência têm-se matado uns aos outros em
golpes de estado sucessivos.
Vamos registar aqui alguns dados estatísticos sobre o país.
Superfície – 36.000 quilómetros
quadrados.
População – 1.600.000 habitantes
Economia - continua a basear-se na
agricultura e na pesca.
Rendimento per capita – 1.144 dólares (International Monetary Fund,
2011). É um dos mais baixos do mundo. Abaixo, há apenas 16 nações numa lista de
185. Mais de dois terços dos habitantes vivem abaixo do limiar de pobreza.
Mortalidade infantil até 1 ano (por
cada 100.000 nados-vivos) – 94,4 (Estimativas da CIA World Factbook, na
Wikipedia)
Mortalidade materna (número de mortes
de mão por cada 100.000 nados-vivos) – 790. (Fonte: CIA World Factbook, na
Wikipedia).
Expectativa de vida ao nascer – 49
anos (sexo feminino), 47 (sexo masculino).
Os indicadores sanitários são
preocupantes. O país dispõe de menos de 5 médicos para cada 100.000 habitantes.
A malária continua a ceifar muitas vidas, enquanto 1,8% da população adulta
está infetada com SIDA.
Sem comentários:
Enviar um comentário