DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

segunda-feira, 24 de junho de 2013




                                                           Capítulo VII


Quem poderia ser? E por que alguém quereria matá-lo? MacLarens tinha dúvidas, estava preocupado. Tanto o seu irmão como o seu pai tinham sido assassinados por causa do “dom”. Seria aquele o seu destino? Morrer sem mulher e sem filhos?
-A cientista já tem os resultados das análises do bilhete. Temos de ir a Paris. – disse Lasone, desligando o telemóvel.
  Foram até ao carro e rapidamente chegaram a Paris. A sede dessa cidade era muito mais bela que a de Reims, onde ele estava instalado.
- Mellie, conte-nos as novidades? – Pediu Fréderique, mal chegaram ao laboratório.
- Não consegui tirar nada do bilhete ou do cesto. Estava escrito a computador e não tinha uma única impressão digital, um cabelo… Quem mandou isto teve de imprimir o bilhete, pensei eu, e por isso fui ver em que impressora tinha sido.
- E… - interrompeu Lasone.
- E descobri que isto foi imprimido numa AFCC. Não sei de qual. – continuou Mellie.
- Já desconfiava. É triste saber que alguém da nossa confiança, nos tenha traído. – disse Fréderique. – Agora tenho de ir. Precisam de mim em Notre Dame.
E dito isto saiu do edifício. 
- Então está melhor. – Perguntou Mellie. – Ontem parecia um pouco… deprimido.
- Sim, apesar de ontem ter sido um dia cheio de novidades e hoje ter descoberto que me querem assassinar, estou mais calmo - Disse, em tom sarcástico.
  Mellie riu-se, timidamente.
Desde o primeiro momento em que a vira que MacLarens estava a tentar convidá-la para almoçar, mas ainda não tinha ganho coragem. Mas, vendo aquele sorriso, ganhou toda a força precisa e disse:
- Quer vir almoçar comigo? Conheço um restaurante ótimo aqui na zona.
    Surpresa com aquele pedido, Mellie não sabia o que devia fazer e por isso aceitou.
   MacLarens sorriu e acompanhado por Mellie saiu do edíficio e dirigiu-se ao restaurante.
- Isto é muito bonito. – Disse Mellie, mal entraram.
- Marie, arranje-nos uma mesa. – Pediu Joshua á empregada.
- Joshua, há, quanto tempo! – Disse Marie. – Uma mesa para o nosso cliente mais querido!
Após dizer isto, afastou-se e foi ajudar os empregados.
Sentaram-se e começaram a comer, rindo e conversando, alegremente.
- Como conheceu o meu irmão se ele estava retido em Reims? – perguntou MacLarens. 
- O seu irmão ajudou-nos a resolver o caso do seu pai.
- Onde estava ele quando morreu?
- Estava em casa da minha irmã, mas ela foi para fora na véspera. Ele era muito teimoso. Eu sabia que ele não devia ter ficado sozinho. – Disse Mellie, deixando escorrer uma lágrima pela cara.
- Não chores. A única pessoa que devia sentir-se culpada é quem cometeu este crime terrível. – Declarou Joshua, limpando a lágrima da cara da cientista. – Mas mudando de assunto…
   E assim ficaram a conversar até o telefone começar a tocar.
   - Joshua, temos um problema e só poderemos ir para Reims á noite. – disse Fréderique, quando MacLarens atendeu o telemóvel.
   - Estou em Paris até tarde. Acho que vou à Torre Eiffel. – Contou Joshua.
   - Quer companhia? O meu turno já acabou e não tenho planos para a tarde.
   - Toda a companhia é bem-vinda.

                                 Capítulo VIII

Saíram do restaurante e dirigiram-se à Torre Eiffel.
Joshua entrou para a fila, mas Mellie não o fez.
- O que está a fazer? – Perguntou MacLarens.
- Sou da polícia. Isto é uma das vantagens. Venha!
Joshua seguiu Mellie até ao átrio, onde entraram no elevador.
- De todas as vezes que cá vim, nunca estive tão bem acompanhado. – Disse MacLarens.
Tanto Mellie como Joshua pensavam da mesma forma, como se estivessem ligados por uma força poderosa, e ambos gostavam dessa conexão.
Quando chegaram ao topo, uma agradável brisa passou e o cheiro a flores da Primavera pairou no ar. A vista dali era magnífica.
- Por muitas vezes que cá venha, isto traz-me sempre uma sensação nova. – Disse Mellie, com o cabelo a esvoaçar.
Quando ela disse isto, MacLarens não conseguiu resistir à tentação e beijou-a num cenário quase perfeito.
Ambos sorriram. Mellie estava a sonhar com aquele momento desde que vira Joshua. E no pior momento que podia, o telefone de MacLarens começa a tocar, dentro do seu bolso.
- Desculpe, é o Fréderique, tenho mesmo de atender. Estou. – Disse, quando atendeu o telemóvel.
-Temos de voltar para Reims.
- Tenho de ir. Lamento estragar o encontro, mas Lasone diz que é importante. – Disse Joshua, despedindo-se de Mellie e afastando-se até ao elevador.
 Tanto Mellie como Joshua ficaram com o coração destroçado, por Fréderique ter ligado naquele preciso momento, mas sabendo que se voltariam a ver sorriram por dentro.
 Já no carro, MacLarens perguntou a Fréderique porque tinha ele tanta pressa e ele respondeu que tinham posto outro bilhete á porta.
- Outro? Já o leram? – Perguntou Joshua.
- Não, estão à nossa espera. A partir de agora, o senhor não virá comigo com tanta frequência. – Disse Lasone, com um ar sério.
 MacLarens não disse nada, mas ficou devastado por dentro. Agora, veria menos vezes Mellie e ajudaria menos no caso. Ficaria quase que retido em Reims.
- Mudando de assunto… Como correu o seu encontro? – Perguntou Fréderique.
  Como poderia ele ter descoberto? Joshua ainda não lhe tinha contado nada acerca do seu dia com Mellie.
- Como é que sabe que eu estive com alguém? – Perguntou MacLarens intrigado.
- O senhor está em perigo de morte. Todos os seus momentos, quer esteja acompanhado ou sozinho, são vigiados.
- Por quem?
- Não queira saber de mais. Um dia poderá arrepender-se dessa curiosidade.
- Não se trata de curiosidade se se tratar da minha própria vida. Porque não me disseram? – Disse Joshua, irritado.
- Já sabíamos que iria ter essa reação. O seu irmão também a teve.
- Porque repetem comigo exatamente o que fizeram com Marc? Também é um teste? – Perguntou Joshua. Aquelas eram apenas de muitas perguntas que tinha para fazer Lasone.
- A curiosidade mata. Lembre-se disto.
MacLarens não ripostou mais, apesar de ser aquela a sua vontade. Ele iria descobrir toda a verdade e disso tinha a certeza. 


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