CARLOS NUNES PINTO
TAMEGÃO
XXXII
“ Tive um sonho triste:
Tamegão tinha morrido. “
Pediram
ao Tamegão
Que não
chorasse
O velho
se envergonhou
Pediram ao
Tamegão
Que
cantasse
O velho
se ridicularizou
Pediram
ao Tamegão
Que
sorrisse
O velho
se desdentou
Pediram
ao Tamegão
Que
rezasse
O velho
apenas chorou
Pediram
ao Velho
Que não
morresse
Tamegão, decidido,
Se apagou.
Luana disse:
“ Foi no silêncio da
noite que a minha Lua se apagou “
Luana estava triste. Eu
estava triste também. Senti que as suas lágrimas eram iguais às minhas.
Na altura final do adeus,
olhei para trás e vi uma multidão de gente, negros, mulatos e brancos. Rostos
consternados.
Já no fim, Luana juntou a
sua mão à minha. Apertou-a com tanta força que senti chegar todo o calor do seu
corpo. Depois, afrouxou a pressão. Precisava de dizer qualquer coisa:
− Carlitos! As flor que a
gente vê, que nasce neste caminho, noutro dia, era semente que caía na gota da
chuva que Tamegão mandou lá de cima.
Afinal, quem era este meu
amigo?
Para uns, um feiticeiro.
Para Luana, um amor. Para mim, um amigo modelado à minha maneira, nunca à minha
semelhança. Ambos chorámos pelo pião que não parava de rolar, que afinal hoje
parou.
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