CARLOS NUNES PINTO
TAMEGÃO
XXXIII
Luana disse:
“ Água faz bem no corpo
todo, só nos olhos é que não. “
Muito, muito mais tarde,
voltei a encontrar Luana.
Eu já crescia em
liberdade. Em Luana já começavam a aparecer as primeiras rugas.
− Luana, tu ainda és tão
nova, para quê essas rugas nos teus olhos?
− Menino, não se lembra quando
fomos já muito tempo na praia?
− Sim, lembro-me.
− Minhas mãos ficaram
muito tempo na água e menino me avisou – Sai já da água, Luana, os teus dedos
estão a ficar enrugados! Agora, meus olhos estão sempre na água que Tamegão me
deixou. Mas vou-te contar uma coisa que Tamegão me pediu para guardar até hoje.
− O que foi, Luana? Diz
depressa!
− Tamegão queria escrever
mas não sabia, me disse de viva voz e pediu: nunca esquece isso que te vou
dizer, o nosso menino vai ser um homem grande, mas tem que fazer o que Tamegão
vai mandar, senão vai ficar igual qual os branco daqui:
Ouvi os sino tocar
Na torre da nossa capela
Não chamava por mim
Nem por outro qualquer
Só chamava teu nome
Pode ir
Corta teu peito
Põe na tua boca
Esse pão que eu te dá
Pisa com força teu chão
Vai no meio das água
Que eu separou
Com as minha mão.
Tua fé se descansa
Nos outro
Que abre os braço para ti.
Vai nascer uma flor
Outras se junta com outra
Vai ficar um
jardim
Que tem rosa de muitas cor
As folha
Não precisa mais guardar os
espinho
Que você tem que arrancar
No teu caminho.
Sem comentários:
Enviar um comentário