LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS
III
A EXPERIÊNCIA HOLANDESA
A
abordagem do problema da droga por parte da Holanda continua a ser
amplamente debatida, dentro e fora do país. Enquanto alemães e franceses têm
considerado, de modo geral, que o uso recreativo de drogas é um mal em si mesmo
e deve ser combatido, a Bélgica parece tentada a imitar o modelo holandês e a
Suíça está dividida sobre essa questão. A crescente tomada de posição de
organismos e personalidades internacionais quanto às maneiras de abordar a
questão das drogas irá certamente influenciar as opiniões públicas a as
políticas governamentais na Europa.
Na
Holanda, a responsabilidade pelas políticas que dizem respeito à droga é
dividida entre os ministérios da Saúde e da Justiça. O investimento anual nesta
área atinge montantes consideráveis.
Em
parte «para inglês ver», o governo na Holanda tem adotado algumas medidas
legais curiosas. Por exemplo: o ministro da Justiça proibiu a venda de canábis
aos turistas. Para entrar num coffeeshop passou a ser necessário um cartão
especial, rapidamente crismado de «pass erva».
Os protestos enérgicos dos proprietários desses estabelecimentos e do próprio Prefeito de Amesterdão, receosos de verem cair as receitas turísticas, fez o governo recuar, permitindo que cada província definisse a sua própria política de droga. Em Amesterdão, os cartões foram rejeitados e a entrada nos coffeeshopps é, como dantes, livre para todos os maiores de dezoito anos.
Os protestos enérgicos dos proprietários desses estabelecimentos e do próprio Prefeito de Amesterdão, receosos de verem cair as receitas turísticas, fez o governo recuar, permitindo que cada província definisse a sua própria política de droga. Em Amesterdão, os cartões foram rejeitados e a entrada nos coffeeshopps é, como dantes, livre para todos os maiores de dezoito anos.
O
governo propôs-se também proibir a propaganda da venda de «erva». Os
estabelecimentos são geralmente obrigados a afixar os preços dos produtos que
comercializam. Reduzir o tamanho dos cartazes ou torná-los menos visíveis não
irá provavelmente produzir quaisquer efeitos práticos.
A
droga é um tema de saúde pública. Para mim (e para muitos) a questão assenta em
saber se se o acesso facilitado à canábis e a outras substâncias relativamente pouco
agressivas serve ou não como primeiro degrau para a escalada que leva à
viciação em drogas «duras».
O
problema vai tendo uma solução estatística. O consumo de drogas «duras» na
população de Amesterdão aumentou ou não após a introdução da legislação
liberatória? Os números disponíveis mostram que estabilizou o número de viciados
nesses produtos, enquanto a idade média dos adictos subiu para os 38 anos. A
mortalidade relacionada com o consumo de drogas é das mais baixas da Europa.
A questão da descriminalização das drogas ditas «leves» continua, ainda assim, a
dividir os estudiosos. Levada a cabo num único país, na ausência duma política
comunitária comum, arriscou-se a criar focos de instabilidade social e até de
delinquência. No entanto, a experiência está feita e devem ser retiradas
conclusões dos dados obtidos.
Nenhum
estudo de qualidade demonstrou uma relação de causa e efeito entre o uso de
cannabis e o consumo ulterior de drogas mais «pesadas», como a heroína e a
cocaína.
As
características pessoais e ambientais podem predispor os consumidores à
viciação noutro tipo de produtos. Diz-se que, neste contexto, as subculturas
locais têm uma importância maior que a eventual experiência do uso de cannabis.
Outras
variedades de droga são bem visíveis para os turistas que vistam Amesterdão.
Trata-se dos chamados «cogumelos mágicos», com efeitos psicadélicos.
Foram responsabilizados por algumas mortes, não por efeitos directos da droga, mas por acidentes ocorridos sob a influência da ação dos cogumelos. O governo holandês limitou consideravelmente a sua comercialização.
(continua)
Foram responsabilizados por algumas mortes, não por efeitos directos da droga, mas por acidentes ocorridos sob a influência da ação dos cogumelos. O governo holandês limitou consideravelmente a sua comercialização.
(continua)
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