DESPENALIZAÇÃO DA CANNABIS
IV
CONCLUSÃO
Embora a História se componha de
avanços e recuos, parece iminente a mudança de comportamento da generalidade dos
governos ocidentais face à questão da droga. Diz-se que, em alguns estados
norte-americanos, as receitas fiscais sobre a venda de cannabis vão ser o dobro das
provenientes do álcool. Há quem comece a afiar os dentes e sugira que a
cannabis, a generalizar-se a legalização, irá constituir «a próxima grande
indústria americana».
A nível internacional, o ponto de
viragem poderá ser a próxima reunião da Comissão de Estupefacientes da ONU, a
realizar em 2016.
Será útil deixar aqui algumas das
conclusões da Comissão Global de Políticas sobre Drogas, constituída por
autoridades de todos os continentes. O relatório foi publicado em Julho de
2011.
A
guerra global contra as drogas fracassou, deixando um rasto de consequências
devastadoras para pessoas e sociedades em todo o mundo.
É
urgente e imperativa uma revisão completa das leis e políticas de controlo de
drogas nos planos nacionais e mundial.
Deve
acabar a política repressiva e ineficaz de criminalização, marginalização e
estigmatização de pessoas que usam drogas sem causar danos a outras pessoas.
Devem
oferecer-se serviços de saúde e possibilidades terapêuticas a todos que deles
necessitem. A metadona e a buprenorfina deverão ser disponibilizadas. Os
programas de tratamento assistido com heroína, que obtiveram êxito em alguns
países europeus e no Canadá, deverão ser alargados, assim como os programas de
troca de seringas que têm contribuído para reduzir a propagação do HIV e de outras
doenças sero-transmissíveis.
Respeitar
os direitos humanos das pessoas que usam drogas e abolir práticas abusivas como
a detenção, o trabalho forçado e o abuso físico e psicológico. Aplicar os
mesmos princípios às pessoas envolvidas nos mercados ilegais, tais como agricultores
e pequenos traficantes.
O
encarceramento de dezenas de milhares destas pessoas ao longo das últimas
décadas encheu as prisões e destruiu vidas e famílias, sem reduzir a
disponibilidade de drogas ilícitas e o poder das organizações criminosas.
As
ações repressivas devem ser dirigidas para a luta contra organizações
criminosas violentas com vista a reduzir o seu poder e influência, bem como a
sua capacidade de gerar corrupção. Mais do que reduzir o mercado da droga,
essas ações repressivas devem procurar reduzir os danos que o tráfico de drogas
causa às comunidades.
Deve
investir-se não só na prevenção do uso de drogas por jovens como em evitar que
os consumidores venham a ter problemas sérios de saúde.
Desistir
das mensagens simplistas e ineficazes como as palavras de ordem «Basta dizer
não» ou «Tolerância zero», substituindo-as por ações educativas e programas de
prevenção complementados por iniciativas sociais e de apoio recíproco.
A
hora de agir é agora.
Termino registando os nomes dos comissários que elaboraram o
parecer.
Antigo Presidente da Polónia
Activista dos Direitos Humanos, antigo observador especial da ONU no
Paquistão.
Activista de Direitos Humanos e de SIDA, antigo observador especial na
ONU na Índia.
Escritor mexicano.
Antigo Presidente da Colômbia
Antigo Presidente do México
Antigo Presidente do Brasil
Antigo Primeiro Ministro da Grécia
Antigo Secretário de Estado dos EUA
Antigo Alto Comissário Europeu (Espanha)
Banqueiro, Presidente do World Trade Center Memorial (EUA)
Antigo Presidente de Portugal
Antigo Secretário Geral das Nações Unidas (Ghana)
Antiga Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos (Canada)
Antiga Secretária Geral da Câmara Internacional de Comércio (Suíça)
Escritor (Peru)
Professor de Medicina, antigo Director Executivo do Fundo Global de
Luta contra a SIDA, Tuberculose e Malária.
Antigo Presidente da Nigéria, Presidente da Comissão de Droga da África
Ocidental.
Antigo presidente da Reserva Federal Americana e da Organização de
recuperação económica
Antigo Presidente da Câmara de Praga e Deputado (República Checa)
Antigo Presidente do Chile
Empresário, defensor de causas sociais ( Reino Unido)
Antiga Presidente da Suíça e Ministra dos Assuntos Domésticos.
Antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Noruega e antigo Alto-Comissário
da ONU para os Refugiados.
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