DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

                                  

          DESPENALIZAÇÃO DA CANNABIS


                                                                    IV

                                                        CONCLUSÃO


Embora a História se componha de avanços e recuos, parece iminente a mudança de comportamento da generalidade dos governos ocidentais face à questão da droga. Diz-se que, em alguns estados norte-americanos, as receitas fiscais sobre a venda de cannabis vão ser o dobro das provenientes do álcool. Há quem comece a afiar os dentes e sugira que a cannabis, a generalizar-se a legalização, irá constituir «a próxima grande indústria americana».


A nível internacional, o ponto de viragem poderá ser a próxima reunião da Comissão de Estupefacientes da ONU, a realizar em 2016.
Será útil deixar aqui algumas das conclusões da Comissão Global de Políticas sobre Drogas, constituída por autoridades de todos os continentes. O relatório foi publicado em Julho de 2011.


A guerra global contra as drogas fracassou, deixando um rasto de consequências devastadoras para pessoas e sociedades em todo o mundo.
É urgente e imperativa uma revisão completa das leis e políticas de controlo de drogas nos planos nacionais e mundial.
Deve acabar a política repressiva e ineficaz de criminalização, marginalização e estigmatização de pessoas que usam drogas sem causar danos a outras pessoas.
Devem oferecer-se serviços de saúde e possibilidades terapêuticas a todos que deles necessitem. A metadona e a buprenorfina deverão ser disponibilizadas. Os programas de tratamento assistido com heroína, que obtiveram êxito em alguns países europeus e no Canadá, deverão ser alargados, assim como os programas de troca de seringas que têm contribuído para reduzir a propagação do HIV e de outras doenças sero-transmissíveis.
Respeitar os direitos humanos das pessoas que usam drogas e abolir práticas abusivas como a detenção, o trabalho forçado e o abuso físico e psicológico. Aplicar os mesmos princípios às pessoas envolvidas nos mercados ilegais, tais como agricultores e pequenos traficantes.
O encarceramento de dezenas de milhares destas pessoas ao longo das últimas décadas encheu as prisões e destruiu vidas e famílias, sem reduzir a disponibilidade de drogas ilícitas e o poder das organizações criminosas.
As ações repressivas devem ser dirigidas para a luta contra organizações criminosas violentas com vista a reduzir o seu poder e influência, bem como a sua capacidade de gerar corrupção. Mais do que reduzir o mercado da droga, essas ações repressivas devem procurar reduzir os danos que o tráfico de drogas causa às comunidades.
Deve investir-se não só na prevenção do uso de drogas por jovens como em evitar que os consumidores venham a ter problemas sérios de saúde.
Desistir das mensagens simplistas e ineficazes como as palavras de ordem «Basta dizer não» ou «Tolerância zero», substituindo-as por ações educativas e programas de prevenção complementados por iniciativas sociais e de apoio recíproco.
A hora de agir é agora.

Termino registando os nomes dos comissários que elaboraram o parecer.


Antigo Presidente da Polónia
Activista dos Direitos Humanos, antigo observador especial da ONU no Paquistão.
Activista de Direitos Humanos e de SIDA, antigo observador especial na ONU na Índia.
Escritor mexicano.
Antigo Presidente da Colômbia
Antigo Presidente do México
Antigo Presidente do Brasil
Antigo Primeiro Ministro da Grécia
Antigo Secretário de Estado dos EUA  
Antigo Alto Comissário Europeu (Espanha)
Banqueiro, Presidente do World Trade Center Memorial (EUA)
Antigo Presidente de Portugal
Antigo Secretário Geral das Nações Unidas (Ghana)
Antiga Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos (Canada)
Antiga Secretária Geral da Câmara Internacional de Comércio (Suíça)
Escritor (Peru)
Professor de Medicina, antigo Director Executivo do Fundo Global de Luta contra a SIDA, Tuberculose e Malária.
Antigo Presidente da Nigéria, Presidente da Comissão de Droga da África Ocidental.
Antigo presidente da Reserva Federal Americana e da Organização de recuperação económica
Antigo Presidente da Câmara de Praga e Deputado (República Checa)
Antigo Presidente do Chile 
Empresário, defensor de causas sociais ( Reino Unido)
Antiga Presidente da Suíça e Ministra dos Assuntos Domésticos.
Antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Noruega e antigo Alto-Comissário da ONU para os Refugiados.



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