LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS
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Há dias (08-05-2014), a ministra
portuguesa da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, defendeu, em entrevista à TSF, a
despenalização do consumo da cannabis e a sua venda legal nas farmácias. Receoso
de perder votos, o primeiro-ministro Passos Coelho apressou-se a declarar que
se tratava duma opinião pessoal da ministra, a qual não falara em nome do
governo.
Em
Junho de 2011, a Comissão Global sobre Política de Drogas, que integrava nomes
como os de Kofi Annan, Mario Vargas Llosa, Javier Solana e George Schultz
pronunciou-se pelo falhanço da guerra global às drogas e pela necessidade de se
encontrarem caminhos alternativos.
Kofi Annan
Em Dezembro de 2013, o Uruguai
tornou-se o primeiro país do mundo a legalizar «a produção, a distribuição e a
venda» de canábis. Meses depois, o secretário nacional de drogas do país
proclamava que «o número de mortes ligadas ao uso e comércio da droga fora
reduzido a zero», embora reconhecesse que a liberalização levada a cabo fosse
susceptível de incrementar o número de utilizadores.
José Mujica, presidente do Uruguai
O Colorado, em Novembro
de 2012, autorizara já a plantação de até seis pés de canábis em espaço fechado
para cidadãos com idades superiores a 21 anos. O produto pederia ser oferecido a amigos. Em Novembro de 2014, os eleitores norte-americanos referendaram a
legalização da canábis. A proposta foi aprovada nos estados de Alasca, Oregon e
Washington. As perspectivas do nascimento duma indústria extremamente lucrativa
são altas entre os economistas americanos.
Em Junho de 2014, o
antigo presidente da República portuguesa Jorge Sampaio, em parceria com a
antiga chefe de estado suíça, Ruth Dreyfuss, fez publicar, no Dia Internacional
contra o Abuso e Tráfico de Drogas, um artigo em que defendia a «instituição de
uma nova estratégia internacional para o século XXI» face ao problema das
drogas. Tinham sido numerosos os países a propor o termo da «guerra às drogas»
em Março, na sessão da Comissão de Estupefacientes da ONU.
Pena Nieto, Presidente do México
Logo
após os referendos norte-americanos, os presidentes do México, Honduras, Belize
e Costa Rica pediram aos países consumidores (leia-se EUA) que procedessem à
revisão das leis existentes.
Trata-se
duma onda de fundo, a nível mundial. As mudanças esperadas irão também aplicar-se, ainda que de forma diferente, à abordagem do problema das drogas «duras». Falarei aqui apenas da marijuana. Não é preciso ser profeta para
adivinhar a próxima liberalização do uso das drogas «leves» na Europa.
Em
Portugal, o Bloco de Esquerda apresentou no Parlamento alguns projectos de lei
com essa intenção. Espera-se, para breve, outra iniciativa que aponte no mesmo sentido.
(Continua)
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