O ASSASSINATO DE JÚLIO CÉSAR
Caio Júlio César nasceu em Roma, no ano 100 a.C.
Viveria 56 anos.
Notável em várias áreas, excelente orador, escritor
brilhante, fez uma carreira militar extraordiária que o levou a emparceirar
entre os maiores generais de todos os tempos (com a reserva de ter sido ele
próprio a registar parte dos seus feitos por escrito).
Júlio César era epilético. Teve, pelo menos quatro
episódios documentados de ataques epiléticos e ainda uma possível crise de
ausência na juventude. A sua doença seguiu, contudo, um curso benigno.
Foi um homem de exageros, marido de muitas mulheres e
mulher de muitos homens, no dizer de um contemporâneo seu. Foi amante de uma
rainha e, segundo as más-línguas, também de um rei.
Nascido numa família patrícia, ganhou cedo o apetite
pelo poder.
O seu pai governou a província romana da Ásia. A sua
tia Júlia era casada com o general Caio Mário, um personagem importante da época.
Aos 16 anos, a morte súbita do pai fê-lo chefe de
família.
Por essa altura, eclodiu em Roma uma guerra civil. Os
chefes das fações rivais eram os generais Sula e Caio Mário, marido de sua tia.
Numa primeira fase, Mário e o seu aliado Lúcio Cornélio Cina ganharam vantagem.
César foi nomeado alto-sacerdote de Júpiter e casou-se com Cornélia, filha de
Cina.
Com a vitória de Sula, César foi expulso do sacerdócio
e viu confiscada a sua herança e o dote de sua esposa. Fugiu e escondeu-se, até
a situação melhorar e poder ser perdoado.
Ainda assim, com Sula no poder, continuou a considerar
Roma uma cidade pouco saudável e ingressou no exército. Serviu, com distinção,
na Ásia e na Cilícia (Anatólia). Regressou a Roma aos 22 anos, após a morte de Sula.
Empobrecido pelos confiscos, alugou uma casa num bairro
modesto e encetou a carreira de advogado. Depressa se tornou conhecido, graças
aos seus dotes oratórios. Tinha uma voz poderosa e enfatizava os discursos com
uma profusa linguagem gestual. Esse período da sua vida terá constituído um treino
precioso para a sua carreira futura. 20 séculos depois, muitos dos nossos
políticos mais bem sucedidos estagiaram em programas de
televisão. É preciso aprender a falar às massas.
Algum tempo mais tarde, Júlio César regressou ao
exército e começou a construir a sua reputação como comandante militar.
De regresso a Roma, iniciou a carreira política. Foi
eleito tribuno militar e, em 69 a.C., questor. Nesse ano, a sua esposa Cornélia
morreu. Pouco tempo depois, Júlio César viajou para a Hispânia.
Demorou-se lá dois anos. No regresso, casou com
Pompeia, neta de Sula.
Por volta dos 35 anos, aproximou-se de Crasso, um dos
homens mais ricos da cidade e, com o seu apoio financeiro, fez-se eleger edil. Dois
anos depois (em 63 a.C.) concorreu ao cargo de pontífice máximo. Era o posto
mais elevado da hierarquia religiosa do Império. Competiu contra dois senadores
e venceu. Houve acusações mútuas de ilegalidades, incluindo subornos.
César estava
cheio de dívidas e, em 62 a. C., aceitou a nomeação de governante (promagistrado)
da região sudeste da Hispânia. Tendo necessidade de pagar aos credores antes de
embarcar, voltou a procurar Crasso, que o ajudou. Pagou-lhe, apoiando-o
politicamente.
Na Hispânia, cimentou a sua reputação militar vencendo
duas tribos locais.
Regressou a Roma aos quarenta anos. Pretendia candidatar-se
ao posto de cônsul, o lugar mais elevado da magistratura da República. Aliou-se,
então, a Crasso e a Pompeu. Ele e o conservador Marco Calpúrnio Bíbulo foram
eleitos, num processo pouco limpo.
Crasso e Pompeu começavam a desentender-se. César
procurou mantê-los juntos e cimentou com eles uma aliança informal, consolidada
pelo casamento de Pompeu com Júlia, filha de César. Esse primeiro Triunvirato
dominou a vida romana durante vários anos, opondo-se à aristocracia
conservadora do senado romano, dirigida por Cícero e Catão.
Júlio César, já divorciado, casou de novo com Calpúrnia
Pisão, filha de um senador poderoso.
O populismo era bem conhecido naquele tempo e os
triúnviros precisavam de alargar a base de apoio. César propôs a
distribuição das terras públicas pelos cidadãos carenciados. As tropas de
Pompeu ocuparam as ruas mais importantes da cidade e a proposta foi avante. O
cônsul Bíbulo opôs-se à iniciativa, mas foi obrigado a aposentar-se.
Apoiado pelos seus aliados, César foi nomeado
governador da Gália Cisalpina (norte de Itália), de Ilírico (sudeste da Europa,
a noroeste dos Balcãs) e da Gália Transalpina (sul de França). Obteve o comando
de quatro legiões. O seu mandato duraria cinco anos.
Diz-se que César continuava cheio de dívidas quando
partiu para a Gália. O cargo de governador permitia-lhe ganhos avultados.
Pretendia a glória e o prestígio que a ela se associa.
A conquista de novos territórios poderia torná-lo numa das figuras mais
importantes do Império Romano.
À frente de quatro legiões, aventurou-se pela Gália
onde, no passado, os soldados romanos tinham sido derrotados. Começou por
atacar e vencer as tribos mais próximas da fronteira norte do Império.
Os gauleses do norte sentiram-se ameaçados e
arriscaram-se numa batalha contra as legiões de Roma. O resultado foi mais ou
menos neutro.
César decidiu então atacar as tribos gaulesas uma a uma
e foi-as derrotando.
Em 52 a.C., o chefe gaulês Vercingetórix uniu boa parte
das tribos da sua nação contra os ocupantes romanos e saiu vitorioso em alguns
confrontos. César, porém, fez uso da superioridade tática das legiões romanas.
Perseguiu as forças de Vercingetórix até Alésia, onde as cercou e derrotou. O
líder gaulês rendeu-se e os conflitos posteriores assumiram a forma de guerra
de guerrilha.
Foram mortas centenas de milhares de gauleses, enquanto
muitos outros milhares eram escravizados. O número de tribos subjugadas foi difícil de
contar. Foram arrasadas perto de mil povoações. No ano 50 a.C. a
resistência dos gauleses à ocupação romana terminara. A região integraria o
Império Romano durante os cinco séculos seguintes.
Uma das legiões de César avançou até ao norte da Gália
e atingiu o estreito hoje chamado de Calais. Do outro lado ficavam os
bretões.
César consolidou a conquista do norte da Gália e fez
uma tentativa para penetrar no território das tribos germânicas, construindo
pontes sobre o Rio Reno. Foi forçado a recuar.
Aventurou-se a transpor o Canal da Mancha para invadir
a terra dos bretões. Retrocedeu, para insistir no ano seguinte, com um exército
maior e um melhor conhecimento do terreno. Conquistou alguns territórios.
As Guerras Gálicas, travadas entre 58 e 60 a.C., expandiram
o Império Romano do Canal da Mancha ao Rio Reno, anexando o território atual da
França. Deram a César uma grande reputação militar e muito dinheiro, conseguido
com os saques e com a venda de escravos. O seu mandato como governador das
províncias do norte foi prolongado por outros cinco anos.
Os romanos eram um povo com tradições guerreiras,
predisposto, desde sempre, a honrar os vencedores. Os soldados de César
passaram a ter orgulho em servi-lo. À vaidade, o general soube acrescentar
benefícios, prometendo aos seus veteranos generosas frações das terras
conquistadas.
Enquanto se encontrava na Bretanha, teve conhecimento
da morte de sua filha Júlia, esposa de Pompeu, por ocasião do parto do primeiro
filho.
A aliança com Pompeu fragilizava-se. Crasso morrera na
batalha de Carras, em 53 a.C. Pouco tempo depois, Pompeu transferira-se para a
ala conservadora do senado, que o nomeou cônsul único em Roma. O triunvirato
deixara de existir.
O prestígio de Júlio César constituía agora uma ameaça
para o seu antigo aliado Pompeu.
O segundo mandato de Júlio César como governador chegou
ao fim. O senado exigiu que César deixasse o seu exército e regressasse a Roma.
Vivia-se o ano 50 a.C.
O Rio Rubicão fazia de fronteira entre a Gália
Cisalpina e o território pertencente à cidade de Roma, mais tarde chamado
Província de Itália. As leis romanas proibiam os generais de o atravessarem acompanhados
pelas suas legiões, que poderiam ameaçando o poder central da República.
César desobedeceu. Terá hesitado, antes de proferir a
famosa sentença Alea jacta est (os
dados estão lançados). Em janeiro de 49, seguiu para diante, com uma única
legião.
Pompeu e a aristocracia romana acusaram-no de insubordinação,
Júlio César prosseguiu o seu caminho, desencadeando uma guerra civil. Era a
segunda que assolava Roma em poucas décadas.
Há personalidades fortes capazes de influenciar o curso
da História, mas raramente o modificam para além do que exige o reequilíbrio
das forças sociais. Quando Júlio César atravessou o Rubicão, sabia o que ia
encontrar. As estruturas dirigentes da cidade de Roma tinham deixado de
representar os interesses das classes que a compunham. Pompeu e os
aristocratas que dominavam o senado careciam de apoio popular.
Apesar de contar com mais soldados que Júlio César,
Pompeu evitou o combate. Fugiu, primeiro para sul e depois para a Grécia,
acompanhado por muitos senadores.
Não dispondo de uma frota quem
lhe permitisse perseguir o seu rival, César viajou a pé para a Hispânia com as
suas tropas e derrotou os partidários locais de Pompeu. Dirigiu-se depois à
Ilíria (noroeste dos Balcãs). Após um desaire inicial, travou contra Pompeu a batalha de
Farsalos, em agosto de 49 a.C. e conquistou a vitória, apesar da importante
desvantagem numérica.
De regresso a Roma, Júlio César
assumiu o poder absoluto. Fez-se nomear ditador e cônsul, com Marco António a
ocupar o segundo lugar na hierarquia do Império, e deu início a uma série de
reformas sociais e administrativas.
Entretanto, Pompeu e o senado
separaram-se.
Pompeu refugiou-se no Egito e
César foi em sua perseguição. À chegada, as autoridades locais ofereceram-lhe a
cabeça de Pompeu. César encolerizou-se e mandou prender, e depois executar, os
responsáveis pela morte do seu inimigo.
Durante a sua permanência do
Egito, Júio César interveio na guerra civil entre Ptolomeu XIII e sua irmã
Cleópatra VII, tomando o partido de Cleópatra. Ptolomeu foi derrotado na
batalha do Nilo em 47 a.C. e Cleópatra tornou-se a única governante do Egito.
César e Cleópatra tornaram-se
amantes e viveram em Alexandria durante um ano. Terão tido um filho.
Do Egito, César viajou para o
Médio Oriente, onde venceu facilmente o rei Farnaces II do Ponto. Terá proferido
nessa altura uma frase que ficou famosa: veni,
vidi, vici (vim, vi e venci).
Dali, Júlio César seguiu para o
norte de África, onde se encontravam forças do senado. Em 46 a.C. venceu as
tropas de Catão, o Jovem, que se suicidou após a derrota e, em seguida, venceu
as forças do senado na batalha de Tapso, em que morreu Metelo Cipião.
Os filhos de Pompeu fugiram
para a Hispânia, com César no seu encalço. A guerra civil terminou com a sua
vitória na batalha de Munda, em março de 45 a.C.
Por essa altura, o número dos
elementos do senado fora substancialmente reduzido e quase todos eram apoiantes
de César. As eleições do líder para o terceiro e quarto mandatos como cônsul
foram fáceis.
César entendeu cedo que a
República romana deixara de corresponder às exigências administrativas. As
províncias longínquas, sob o controlo dos governadores eram quase estados autónomos. O exército era fácil de manipular por chefes
competentes e carismáticos.
A corrupção crescia. A velha aristocracia
mandava menos, mas opunha-se a mudanças susceptíveis de lhes cercear os
privilégios.
Júlio César dominou Roma
durante perto de cinco anos.
Entendia que era indispensável
estabelecer um governo forte em Roma e promover a unidade do Império.
Considerava ser necessário um
poder absoluto. Fez crescer a própria autoridade, reduzindo a importância das
instituições políticas tradicionais.
Usou o poder pessoal para
aumentar o número de membros do senado. Chegaram a 900, quase todos seus
partidários. Eram poucos os representantes da velha aristocracia.
Aos poucos, foi anunciando uma
série de reformas. Iam desde a mudança do calendário até à redistribuição das
terras.
Os festejos do triunfo de César
tiveram uma dimensão exagerada e serviram de pretexto para os protestos dos
defensores da república romana. A repressão começou de imediato. Viviam-se
tempos em que era perigoso afrontar a autoridade.
O programa político de Júlio
César era ambicioso, mas necessário.
Mandou fazer um censo dos
cidadãos. A contagem redundou na diminuição da distribuição de cereais,
evitando desperdícios. Foi também regulamentada a compra de cereais, subsidiada
pelo estado.
Foi promulgada uma lei que
limitava a aquisição de produtos de luxo e outra, mais importante, que apoiava
as famílias numerosas, tendo em conta a necessidade de repovoamento do território romano.
Os mandatos para o exercício do
governo das províncias foram reduzidos.
As dívidas eram um problema
sério para os cidadãos de Roma. César promoveu uma reestruturação que eliminou 25
por cento das dívidas do povo da cidade.
Empregou milhares de cidadãos
na construção de obras públicas, incluindo o Fórum de César e o Templo de Vénus
Genetrix. Cumprindo uma promessa antiga, planeou a distribuição de terras por
cerca de 15.000 dos seus veteranos.
O calendário oficial foi
modificado. Deixou de ser regulado pelas fases da lua, para ser dominado pelo
ciclo do sol, como faziam os egípcios. O ano passava a ter 365 dias e mais um
quarto. Os meses passavam a ser doze. De quatro em quatro anos, fevereiro passava
a contar um dia a mais. Eram os anos bissextos. O calendário juliano continua a
ser usado no mundo ocidental.
O seu programa de reformas
continuou a ser implementado até pouco antes do seu assassinato e não conhece
paralelo na Roma antiga.
César organizou uma força
policial permanente, nomeou funcionários públicos para implementar a reforma
agrária, ordenou a reconstrução das cidades de Cartago e Corinto e estendeu o
âmbito do direito latino a todos os povos sob domínio romano. Devolveu às
cidades o poder de cobrar diretamente os impostos, pondo de lado os
intermediários.
Muitos dos seus projetos
ficaram por realizar. O seu assassinato impediu a construção de um grande
templo dedicado a Marte, um teatro novo e luxuoso e uma biblioteca que deveria suplantar
a de Alexandria. César planeava transformar a cidade de Óstia num grande porto
e construir um canal através do istmo de Corinto.
Alimentava ainda propósitos
militares, dirigidos contra a Dácia (correspondente aos territórios atuais da
Roménia e Moldávia) e a Pártia (parte do Império Persa). Sonharia atacar de
novo a Germânia.
Em termos puramente políticos,
centralizou o poder na sua pessoa e acumulou cargos oficiais vitalícios. Foi tribuno, cônsul, procônsul e ditador.
Intitulou-se “Prefeito da Moral”, com as prerrogativas dos censores, e aceitou
as nomeações de “Pai da Nação” e “Imperator”. Mandou cunhar moedas com a sua
imagem, à semelhança do que faziam, dantes, os reis.
A acumulação de cargos e a
excessiva centralização do poder chocaram os partidários da República, que
receavam o estabelecimento de uma nova Monarquia. Os seus opositores
murmuravam que César ia reunindo nas suas mãos os poderes de um verdadeiro rei.
Os aristocratas temiam pela redução dos seus poderes e começaram a conspirar.
Organizou-se um grupo secreto, apelidado de “os Liberatore”. Os seus membros
denunciavam Júlio César como tirano e consideravam que apenas a sua morte
permitira restaurar a República Romana.
Em fevereiro de 44 a.C., César
foi nomeado ditador vitalício e determinou que, a partir do ano seguinte,
passaria a nomear pessoalmente todos os magistrados.
Um mês depois, foi assassinado.
Nos idos de março de 44 a.C. (“idos” eram os começos
das segundas metades dos meses), teve lugar o atentado.
Marco António, teve, à última
hora, conhecimento da conspiração e procurou alertar César. Os conjurados
souberam da sua intenção e cortaram-lhe o caminho. Marco António receou pela
própria vida e fugiu.
Um grupo de senadores aristocratas, em que se
integrara o seu filho adotivo Marco Júnio Brutus, atravessou-se ao caminho de Júlio César
quando ele entrava na Cúria de Pompeu, para uma reunião do senado. Segundo Plutarco, Brutus poderia ser mesmo filho de César, que fora amante de sua mãe, Servília Cipião. Os conspiradores
apunhalaram-no repetidamente. César tombou.
Ficou famosa a que poderia ser
a sua última frase: até tu, Brutus? Provavelmente,
terá sido fruto da imaginação dos historiadores.
Os conjurados contavam com o apoio massivo da população da cidade. Enganaram-se. Receosos do que se poderia seguir, os romanos meteram-se nas casas e trancaram as portas.
No funeral de César, os ânimos exaltaram-se. O povo romano aglomerou-se junto ao Fórum. A pira funerária foi alimentada com tudo o que houvesse à mão e pudesse arder. Extinto o fogo, a multidão em fúria atacou as casas de vários conspiradores. Brutos e alguns dos seus aliados fugiram para a Macedónia.
Marco António julgara ter
chegado a sua oportunidade de aceder à chefia do Império. Procurou o apoio da
plebe para hostilizar a aristocracia. Foi surpreendido pela divulgação do
testamento de Júlio César.
Ao regressar a Roma, em 45
a.C., César nomeara principal herdeiro o seu sobrinho-neto Caio Otávio (ou
Otaviano), deixando-lhe diversas propriedades e avultadas quantias de dinheiro.
Octaviano contava apenas 18
anos por altura da morte de César. Revelou-se, muito cedo, um político talentoso.
Passaria à História como
Augusto, o primeiro imperador romano. Adotou o título de César e assumiu a sua
herança política.
O assassinato de Júlio César
não foi capaz de reverter as mudanças em curso em Roma. As instituições
republicanas tinham deixado de corresponder às necessidades do governo dos
vastos territórios conquistados e o Império consolidou-se.
Curiosamente, César o homem que
não chegou a ser coroado como primeiro imperador de Roma, foi considerado,
ainda em vida, um dos melhores oradores e escritores da sua época.
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