DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020



       A MORTE DE JOHN KENNEDY




John Fitzgerald Kennedy, o 35º Presidente dos Estados Unidos da América, foi abatido a tiro a 22 de novembro de 1963. Contava 46 anos.

Sucedera a Dwight Eisenhower, em janeiro de 1961. Antes, fora senador por Massachusetts e membro da Câmara dos Representantes. Foi o segundo mais jovem americano a chegar à presidência do seu país. O mais novo, até hoje, foi Theodore Roosevelt.

O seu aspeto atraente e telegénico adoçou, de algum modo, as múltiplas crises que se desenrolaram durante a sua curta presidência. Tratou-se de um período caracterizado pela eclosão de diversos conflitos. Kennedy apoiou a invasão dos dissidentes cubanos que desembarcaram na Baía dos Porcos e que iria conduzir à crise dos mísseis de Cuba, levando o mundo até à beira de uma guerra nuclear. Aprovou o começo da intervenção americana na guerra do Vietnã, onde os ianques se substituíram aos franceses num conflito inglório e duradouro. Ajudou a agudizar a guerra fria que levou à construção do Muro de Berlim e assistiu ao desenrolar do Movimento dos Direitos Cívicos nos E.U.A. Apoiou ainda o seu país na “corrida espacial”.

Curiosamente, foi considerado pelos seus conterrâneos uma das grandes personalidades do século XX. As mortes precoces e trágicas ajudam a endeusar os homens.

É verdade que, em alguns casos, John Kennedy se limitou a dar seguimento a iniciativas de Eisenhower. Muitas vezes, os interesses dos estados são permanentes e variam pouco com a substituição dos protagonistas maiores.

Kennedy terá sabido representar como poucos o papel de símbolo das esperanças americanas. Teria excelentes escrevedores para os seus discursos. Terá também redigido parte deles. Lembremos que, em 1957, recebeu o Prémio Pulitzer de Biografia. Não se sabe se foi ajudado por algum ghost-writer.

 John Kennedy era filho de Joseph Kennedy, um empresário que chegou a ser embaixador americano no Reino Unido, e de Rose Fitzgerald, nascida numa família ilustre de Boston. O casal teve nove filhos. John, o segundo, nasceu em 1917 e viveu em Brookline (Boston) durante os seus primeiros 10 anos. A família mudou-se para Nova Iorque em 1927.

O jovem Kennedy teve diversos problemas de saúde.

Estudou em escolas excelentes. Em 1936, matriculou-se na Universidade de Harvard. Viajou demoradamente pela Europa e pelo Médio Oriente.

Regressou da Alemanha no dia em que começou a Segunda Guerra Mundial. 

Doutorou-se em Relações Internacionais pela Universidade de Harvard com uma tese baseada no Acordo de Munique. O seu trabalho foi, mais tarde, publicado sob o título “Why England slept?” e tornou-se um best-seller.

No começo de 1941, John ofereceu-se como voluntário para o Exército dos Estados Unidos, mas foi recusado por sofrer de problemas na coluna. Acabou por ingressar na Marinha, alegadamente com uma “cunha”.

Kennedy serviu como oficial subalterno na Marinha americana. O barco torpedeiro de patrulha que comandava foi abalroado por um destroyer japonês perto das Ilhas Salomão, durante a II Grande Guerra. Dez membros da tripulação escaparam a nado para uma ilha próxima e conseguiram ser resgatados. John foi condecorado por conduta heroica.

O episódio, convenientemente adornado pelos jornalistas, deu-lhe popularidade suficiente para começar a sonhar com uma carreira política que estivera, até então, fora dos seus projetos. O pai tinha encaminhado nessa direção o filho mais velho, Joseph, que morreria em combate.

Finda a guerra, John Kennedy ponderou fazer-se jornalista, mas passara a ser o número um na linha de sucessão do pai, que tinha granjeado apoios importantes nos dois principais partidos americanos.

Em 1946, foi eleito, pela primeira vez, para a Câmara dos Representantes, pelo Partido Democrático. Tinha 29 anos. Iria manter-se lá ao longo de seis anos.

Durante o seu primeiro mandato, foi-lhe diagnosticada Doença de Addison, uma insuficiência do córtex suprarrenal. Os seus problemas de saúde foram mantidos em segredo ao longo da vida.

Em 1952, John Kennedy derrotou, nas eleições, o candidato republicano Henry Cabot Lodge e fez-se senador.

No ano seguinte, casou-se com Jacqueline Lee Bouvier.

Os seus problemas de coluna agravaram-se, tendo de se sujeitar a diversas intervenções cirúrgicas.

Em 1956, falhou por pouco a nomeação para candidato à vice-presidência dos Estados Unidos. A sua prestação deu-lhe, contudo, visibilidade nacional. O candidato democrata, Adlai Stevenson, seria batido por Dwight Eisenhower.

Quatro anos depois, Kennedy considerou que chegara a ocasião de se candidatar à presidência dos E.U.A. Concorreu às eleições primárias do Partido Democrata e foi nomeado, após uma campanha dura. Era o segundo católico a tentar aceder à presidência. Convidou para vice-presidente Lyndon. B. Johnson, popular nos estados do sul, e concorreu contra o republicano Richard Nixon.

A 26 de setembro de 1960, 70 milhões de espetadores assistiram ao primeiro debate presidencial televisionado da história americana.

Nixon estivera doente. Tinha mau aspeto e parecia tenso. Kennedy parecia mais descontraído. Os telespetadores consideraram Kennedy vencedor do debate, enquanto os radiouvintes opinaram pelo empate, ou mesmo pela vitória de Nixon. Julgo que se tratou de uma data importante da história da média, com a rádio a perder para a televisão, de uma forma definitiva, o seu papel de fazedor de opiniões. Ganhara o candidato mais bonito.

Seguiram-se dois outros debates e a candidatura de Kennedy ganhou força. Nas eleições de 8 de novembro, John Fitzgerald Kennedy foi eleito presidente dos E.U.A. por uma unha negra. Foi o primeiro católico a alcançar a presidência dos E.U.A. Tomou posse em janeiro de 1961.

Uma das frases do seu discurso inaugural tornou-se emblemática: não perguntes o que o teu país pode fazer por ti; pergunta o que podes fazer pelo teu país.

No plano político, Kennedy procurou melhorar os cuidados de saúde dos idosos e aumentou as verbas federais destinadas à educação.. Apoiou a integração racial e o reconhecimento dos direitos cívicos.

Em 1954, a Corte Suprema dos Estados Unidos declarara inconstitucional a segregação racial nas escolas. Não foi, contudo, obedecida em vários estados do sul. A segregação manteve-se nos transportes, restaurantes e salas de espectáculo.

No ano de 1962, ocorreram protestos violentos da comunidade afro-americana, em resposta às tentativas das autoridades do Mississípi e do Alabama de impedirem as inscrições de estudantes negros nas universidades. Para garantir as matrículas desses estudantes, Kennedy enviou para o Mississípi soldados da Guarda Nacional e agentes federais. A 11 de junho do mesmo ano, proferiu o seu famoso discurso sobre os direitos cívicos, apelando ao Congresso para que legislasse no sentido de alcançar os objetivos propostos por Abraão Lincoln um século atrás. O resultado foi a promulgação da Lei dos Direitos Cívicos, aprovada em 1964, já depois da morte de Kennedy.

No campo económico. John Kennedy aproximou-se da doutrina de Keynes, favorecendo a intervenção governamental para combater a recessão económica. As taxas de juros foram mantidas baixas e o orçamento de 1961 foi o primeiro deficitário na história americana, fora dos períodos de guerra ou de recessão. A economia recuperou, com crescimento do P.I.B., estabilização da inflação e redução do desemprego. A proposta de reforma tributária, que previa a redução dos impostos, seria aprovada pelo Congresso no ano seguinte ao da sua morte.

Quando John Kennedy foi eleito presidente, a União Soviética dispunha, em alguns campos, de tecnologia superior à americana e liderava a corrida espacial, beneficiando do prestígio internacional que daí advinha.

Numa sessão conjunta do Congresso e do Senado, em maio de 1961, Kennedy estabeleceu como objetivo nacional americano levar um homem à lua e trazê-lo de volta, salvo, ainda naquela década. Nenhum outro projeto espacial neste período vai ser mais impactante para a Humanidade, ou mais importante para a exploração do espaço profundo e nenhum outro vai ser tão difícil ou tão dispendioso para ser atingido.

Kennedy pediu ao Congresso a aprovação de um orçamento de mais de 25 biliões de dólares para o Projeto Apollo. Decorreram contactos com o dirigente russo Nikita Kruschev, no sentido de estabelecer uma parceria entre os E.U.A. e a U.R.S.S. para a exploração espacial, o que traria vantagens económicas óbvias para as duas partes, mas Kennedy foi assassinado antes da conclusão de qualquer acordo.

Em junho de 1969, meia dúzia de anos após a morte de John Kennedy, o seu sonho espacial tornou-se realidade e um astronauta americano pisou o solo lunar.

Os Estados Unidos sentiam-se pouco confortáveis com a presença de um estado comunista a curta distância da sua fronteira.

Eisenhower mandara preparar um plano para derrubar o regime cubano de Fidel Castro. O projeto foi apoiado pela administração Kennedy.

O exército americano treinou 1.500 exilados cubanos anticastristas e fê-los desembarcar na Baía dos Porcos. Julgava-se que seria fácil mobilizar o povo cubano contra o regime comunista.

O plano estudado pela C.I.A. redundou num fiasco. Os americanos não se quiseram envolver diretamente numa guerra contra Cuba. A Marinha e a Força Aérea dos E.U.A. não participaram no ataque.

Fidel Castro esperava um ataque direto à sua ilha. Che Guevara testemunhara uma tentativa semelhante de invasão, na Guatemala.

O desembarque teve início a 17 de abril de 1961. As bem treinadas forças armadas cubanas derrotaram os contrarrevolucionários em menos de três dias. Morreram algumas centenas de cubanos exilados e foram aprisionados perto de 1200 sobreviventes.

Fidel proclamou a sua vitória sobre o imperialismo americano e ficou à espera de uma segunda tentativa de invasão.

O episódio constituiu um embaraço para a administração Kennedy.

Ano e meio depois, um avião espião americano conseguiu fotografar em Cuba a construção de silos para alojar mísseis soviéticos de longo alcance. Armas nucleares inimigas iam ser instaladas a poucas centenas de quilómetros da Florida.

O presidente foi aconselhado a aprovar um ataque aéreo contra as instalações de mísseis. Kennedy optou por uma posição mais cautelosa e ordenou um bloqueio naval à ilha. Qualquer navio que chegasse a Cuba deveria ser inspecionado.

A tensão entre as duas nações rivais subiu. Poucas vezes (se alguma) o mundo terá estado tão perto duma guerra nuclear. Acabou por ser alcançado um acordo. Os mísseis soviéticos foram retirados e os E.U.A. declararam publicamente que não voltariam a tentar invadir Cuba.

A Guerra Fria aquecia, aqui e ali. Os E.U.A. iam enfrentando crises internacionais localizadas. Algumas foram fabricadas pelos próprios americanos. Substituíram-se ao Reino Unido como potência estrangeira dominante no Médio Oriente, mas aprenderam pouco com os britânicos, que tinham tido séculos para conhecer a região.

Em 1963, Kennedy decidiu apoiar um golpe de estado contra o governo do Iraque. Tratava-se de auxiliar os membros mais conservadores do Partido Baath contra a sua ala pró-comunista.

A Revolução do Ramadão ocorreu em fevereiro. O primeiro-ministro do Iraque, general Abd al-Karim Qasim foi derrubado e substituído pelo coronel Abdul Salam Arif. 

A eminência parda do novo regime era o secretário-geral do partido Baath, Ali Salih al-Sa`di, que controlava a Guarda Nacional. A C.I.A. ter-lhe-á fornecido listas de comunistas, certos ou suspeitos. Ocorreu uma matança sistemática. Foram assassinadas centenas de professores, médicos e advogados e umas tantas figuras políticas e militares. Saddam Hussein, ainda jovem, terá participado no processo. Quem com ferros mata…

Nove meses depois, ocorreu outro golpe de estado no Iraque, desta vez sem derramamento de sangue. Um grupo de oficiais iraquianos inspirados pelo líder egípcio Gamal Abdel Nasser derrubou o governo e instalou um novo executivo, proclamando Abdul Salam Arif chefe de estado.

Algumas grandes empresas petrolíferas mundiais instalaram-se no país. O golpe apoiado por Kennedy ocorreu há 57 anos. Até agora, os americanos ainda não acordaram numa política minimamente coerente e esclarecida para o Iraque, em particular e para o Médio Oriente, em geral.

Os americanos tinham tido uma experiência pouco encorajadora na Guerra da Coreia, que se arrastara durante três anos e redundara num impasse. Pretendiam ter uma base de apoio no Extremo Oriente, se possível perto da fronteira da China e procuraram substituir a França, ocupada durante a II Grande Guerra, e batida depois na Indochina, em 1954.

John Kennedy prosseguiu, na região, a política desenhada pela administração Eisenhower.

Os da minha idade lembram bem o que aconteceu. Os “conselheiros militares” e as tropas especiais americanas apoiaram os sul-vietnamitas empenhados na guerra contra os comunistas do norte, dando início a uma guerra limitada. A força aérea americana apoiava os combatentes do sul e queimava com napalm os inimigos e as suas colheitas. As forças comunistas, a que a Imprensa dava o nome depreciativo de “vietcongues”, superiorizaram-se aos combatentes do sul e aos seus aliados. Em 1963, o presidente do Vietname do Sul, Ngo Dinh Diem foi, primeiro, deposto pelos seus generais e, depois, executado. Correram rumores sobre o eventual envolvimento dos E.U.A. nesse processo.

Kennedy considerou prudente retirar as tropas americanas do atoleiro do Vietname e mandou elaborar planos nesse sentido. Foram interrompidos pela sua morte. O sucessor, o seu vice-presidente Lyndon Johnson, optou por intensificar o esforço militar americano na antiga Indochina.

Em junho de 1963, Kennedy visitou Berlim Ocidental e criticou o velho bloqueio imposto a essa parte da cidade pelo Bloco Soviético. Afirmou que a construção do Muro de Berlim era um testemunho do fracasso comunista. O seu discurso, como a frase em alemão Ich Bin ein Berliner correu mundo, veiculado por rádios, televisões e jornais. Todos os homens livres eram cidadãos de Berlim.

O mundo andava preocupado com a proliferação das armas nucleares. Uma das grandes iniciativas da administração Kennedy foi o tratado da proibição de testes nucleares. Os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Soviética assinaram, em 1963, o acordo, que permitia, contudo, a continuação dos ensaios nucleares subterrâneos.

Dos quatro filhos de John e Jaqueline Kennedy, apenas dois sobreviveram até à idade adulta. Consta que o presidente cultivou diversas relações extraconjugais, sem se ter empenhado muito em qualquer delas.

John F. Kennedy foi assassinado com dois tiros, a 22 de novembro de 1963 na cidade de Dallas, no Texas. Iniciava a sua campanha de reeleição e desfilava, perto do meio-dia, num automóvel descapotável que circulava a velocidade reduzida. As imagens da sua morte correram mundo, com a esposa debruçada, a tentar inutilmente socorrê-lo. O assassino utilizou uma carabina com mira telescópica e atirou de um sexto andar sobre a vítima. Efetuou três disparos.

John Connaly, governador do Texas, seguia no mesmo carro e foi também atingido com gravidade, aparentemente pela mesma bala que matou Kennedy. Sobreviveu. Um espetador sofreu também um pequeno ferimento, resultante de uma bala que ricocheteou.

Um espetador filmou o presidente, no momento em que era atingido.

Durante dias, parecia que nada mais se passava no mundo. Os noticiários televisivos cobriam incessantemente os acontecimentos. Tanto o funeral de Kennedy como o assassinato do seu matador foram transmitidos em tempo real para inúmeros países.

Lee Harvey Oswald, o assassino, foi capturado num teatro, hora e meia após o tiroteio. Para além da morte do presidente, foi também acusado de ter abatido um polícia de Dallas. Negou ambas as acusações.

Não chegou a ser julgado. Dois dias depois da morte do presidente, um suposto justiceiro chamado Jack Ruby matou-o a tiro, publicamente, quando Oswald se encontrava sob prisão e era transferido de lugar. Ruby era proprietário de uma boîte em Dallas e chamava-se inicialmente Jacob Rubinstein, tendo americanizado o seu nome hebraico. Viria a falecer na prisão em 1947, vítima de cancro do pulmão. Fora condenado à morte e recorrera da sentença. Esperava o resultado do recurso quando morreu. Nasceu, naturalmente, a suspeita de que teria abatido o assassino do presidente para que ele não pudesse falar.

Lyndon Johnson, até então vice-presidente, foi empossado como presidente dos E.U.A. e apressou-se a criar uma comissão para investigar os crimes. A comissão foi presidida pelo juiz Earl Warren e tornou público o seu relatório ao fim de dez meses de investigação. Concluiu que Lee Oswald atuara sozinho e que não tinham sido encontradas provas que indicassem a implicação de outras pessoas, grupos, ou países no atentado. Jack Ruby também agira sozinho.

Surgiram numerosas teorias de conspiração. Umas tantas tiveram eco em livros publicados e no cinema. Houve quem se tivesse dado ao trabalho de contar os suspeitos. Foram 42 organizações, 82 assassinos e mais 214 pessoas envolvidas.

Parece gente demais para um único assassinato. No entanto, em 2013, um inquérito revelou que 62% dos americanos acreditavam que Lee Oswald não agira sozinho.

Constou que Oswald tinha sido recrutado pela CIA para servir na URSS, onde vivera durante vários anos. Houve também quem o acusasse de ser agente dos serviços secretos cubanos.

Em 1976, a Câmara dos Representantes votou a criação de nova comissão para voltar a investigar a morte de John Kennedy e também a de Martin Luther King, assassinado em 1968. A comissão levantou a hipótese de ter estado envolvido no assassinato do presidente outro atirador, colocado no chamado “monte “relvado”. Esta hipótese não colheu grande apoio, mas estimulou a imaginação de alguns americanos.

O filme JFK, realizado em 1991 por Oliver Stone, mostra “o homem do guarda-chuva” a fazer sinais aos seus supostos cúmplices. Contudo, o tal homem do guarda-chuva foi identificado e nada tinha a ver com o atentado.

Outra teoria sugere que o tiro que matou Kennedy foi disparado pelo seu motorista, que pretenderia atingir Oswald. O exame cuidado do filme disponível demonstra que o condutor não retirou as mãos do volante.  

A máfia também entrou no rol dos suspeitos. O irmão de Kennedy, Robert, terá chegado a pensar que as suas tentativas de levar a máfia a tribunal foi teriam resultado na eliminação física do presidente.

Os especialistas rejeitaram também essa probabilidade.

Uma hipótese mais sinistra envolve a CIA e até o vice-presidente Lyndon Johnson. Roger Stone no livro O homem que matou Kennedy: The case agains LBJ., com autoria de Mike Coalpietrom, também aproveitado por Oliver Stone para o seu filme, afirma que Johnson foi o responsável pela morte do seu presidente. A teoria não recolheu suporte dos historiadores.

Segundo alguns, os serviços secretos americanos sabiam do plano de Lee Oswald. Não o intercetaram, por lhes convir a eliminação do presidente.

Outra confabulação sugere que não foi Oswald, mas um seu sósia, treinado pela KGB, quem matou o presidente. O corpo de Lee Oswald chegou a ser exumado. Era mesmo ele que estava enterrado no cemitério de Forth Worth.

Donald Trump não resistiu a formular também a sua teoria pessoal. Ao discutir com o senador do Texas Ted Cruz a nomeação presidencial pelo Partido Republicano, afirmou que o pai do seu adversário tinha sido fotografado junto a Oswald dias antes do assassinato. A suposição baseava-se num artigo de 2016 da National Enquirer de que constava uma fotografia que mostraria Oswald e Rafael Cruz distribuindo panfletos a favor de Fidel Castro em Nova Orleães. Trump nunca se retratou daquela história mal contada.

Recentemente, o presidente Donald Trump permitiu tornar públicos os arquivos secretos sobre o assassinato de John Kennedy. Trata-se de mais de três mil documentos. No entanto, Trump recuou e manteve a confidencialidade de alguns ficheiros, em nome da segurança nacional. As expectativas de alguns observadores centram-se na viagem efetuada por Oswald ao México, dois meses antes do assassinato.

Os artigos até agora divulgados permitem supor que o FBI teria sido alertado para a possibilidade da morte do presidente. Terá informado o chefe da Polícia de Dallas, que não tomaria a tempo medidas suficientes para evitar o crime.

Por outro lado, Oswald estaria a ser investigado pelo FBI, alegadamente pelas suas ligações a Cuba.

De acordo com outro documento divulgado, fontes soviéticas desconfiavam de que a morte do presidente americano faria parte de uma tentativa da extrema-direita dos E.U.A. para dominar o país.

Segundo outro ficheiro, Lee Oswald deslocou-se à embaixada da URSS em setembro de 1963. Poderá ter contactado com um agente da KGB. 

É possível, mas pouco provável, que os documentos ainda guardados nos arquivos americanos forneçam mais dados que permitam esclarecer a morte de Kennedy.

Estou convencido de que se tratou realmente de um ato isolado de um indivíduo com traços paranóides na sua personalidade.

 

 




 


Sem comentários:

Enviar um comentário