Capítulo XI
Passada meia hora, Mellie bateu à porta e
Joshua foi abrir.
“ Quem seria aquela pessoa que
Margaret dizia ser tão importante?” – Pensava a rapariga. Até que lhe abriram a
porta.
- Joshua, o que estás a fazer aqui? –
Disse, depois de o beijar. – Lasone disse que tinhas de ficar escondido.
- Fréderique não sabe que estou aqui. Eu
não aguentava mais tempo fechado e por isso fugi. – Explicou MacLarens.
- Não podes fugir. É muito perigoso. O
Marc fez o mesmo e vê como acabou. Tens de voltar para o teu esconderijo.
– Disse, sussurrando.
Quando olhou em redor, viu Mitch e
perguntou baixinho:
- Quem é aquele rapaz?
- Chama-se Mitch. Ele perdeu os pais e não
tinha para onde ir. Não aguentei vê-lo sozinho. Seria demasiado doloroso para a
minha consciência. – Respondeu, sussurrando também. – Mitch, anda cá.
O rapaz aproximou-se e Mellie
perguntou-lhe:
- Que idade tens?
- Tenho doze, quase treze.
- Conheço alguém aqui perto que poderá
gostar de falar contigo. Volto já. - Disse Mellie.
Percorreu um quarteirão e tocou à
campainha.
- Mellie, o que faz aqui? –Perguntou a
mulher que abriu a porta.
- Dionise, vim perguntar se o Guillermo
quer vir a minha casa. Tenho uma visita que ele poderá gostar.
- Guillermo, a Mellie convidou-te para
ires a casa dela brincares com um rapaz. – Disse a mulher.
Quando disse isto, um rapaz desceu a
correr as escadas. Guillermo não tinha muitos amigos na zona e, por isso
quando não havia escola, não tinha ninguém com quem brincar. E, por essa razão
adorava quando a sua mãe lhe dizia que tinha companhia, ele ficava felicíssimo.
- Anda, o Mitch está à nossa espera.
–Disse Mellie.
Quando voltaram, os dois rapazes,
ambos tímidos não falaram muito. Mas no momento em que Joshua lhes
mostrou uma bola, começaram a divertir-se juntos, mais do que Mitch nos últimos
dias se divertira.
- Agora que os rapazes já estão
entretidos, contas-me o teu plano? Achas que o Fréderique não irá descobrir que
fugiste para aqui? – Perguntou Mellie, zangada.
- Não sei. Terei de pensar rapidamente. Eu
não volto para aquela casa sozinho e, disso, Lasone pode ter a certeza.
- Mas aqui estás em perigo. Não te quero
mal, por isso peço-te, que por muito que seja doloroso, que voltes
para o abrigo.
Naquele momento, ouviu-se um
estrondo. Fora Jean que arrombara a porta. Este vinha seguido
de Fréderique, que disse a Joshua:
- Estar aqui é cometer suicídio. Nós
estamos a observá-lo desde que fugiu. Sabemos que conheceu um rapazinho
chamado Mitchell no comboio, que foi a uma loja comprar um mapa. E se nós
conseguimos descobrir, o assassino do seu irmão também o pode fazer,
- Não volto para o abrigo. Pelo menos
sozinho, sem a companhia da Mellie e do Mitch.
- Se for com ele, põe-nos numa situação
perigosa. E nesse caso, em vez de podermos ter uma pessoa morta, ficamos em
risco de ter três. E eu sei que não é isso que o senhor deseja. – Disse
Lasone.
Fréderique tinha razão, mas MacLarens não
desistia facilmente. O que poderia ele fazer para arranjar uma solução em que
ninguém ficasse em perigo? Foi aí que se lembrou.
- O senhor e o resto da AFCC estão a vigiar-me durante o dia e a noite,
certo? – Perguntou retoricamente. – Por isso, se alguém viesse para aqui
para me ver a todas as horas, eu poderia ficar.
- Isso é uma decisão difícil. Como
arranjaremos três agentes que o vigiassem em turnos? Nunca ninguém aceitaria
mudar-se para aqui. Todos os que trabalham em Reims têm uma razão para se terem
afastado do centro da cidade e da população. – Explicou Lasone.
- Tente, pelo menos. Haverá três agentes
sem traumas da cidade. Por exemplo, o Jean vem a Paris muitas vezes, não
se deve importar.
- Jean só vem, por ser um bom
profissional. O senhor tem dois dias para arranjar três agentes da AFCC.
Eu também tentarei, mas não prometo nada. – Disse o homem. – Mas se não
conseguir, vai para outro abrigo e ainda menos agradável que em Reims.
Dito isto, saiu da casa, juntamente com o
guarda.
- O que fazemos agora? – Perguntou Mellie.
- Agora… - MacLarens parou para pensar uns
segundos e continuou – vai chamar os rapazes. Vamos distribuir tarefas. Eu não
posso sair de casa, mas vocês podem.
Quando Mellie regressou com as crianças,
Joshua dividiu as tarefas. Juntou Mitch com Margaret e Mellie com Guillermo. Os
primeiros ficaram encarregados de telefonar a todos os polícias da AFCC de
Reims e os segundos de ir ao laboratório procurar alguém que os ajudasse.
Passados cinquenta minutos, Mitch gritou
que tinha arranjado um candidato. Mas que ele primeiro teria de ir lá visitar a
casa e ver Joshua. Mesmo sendo perigoso, MacLarens marcou uma reunião para
aquela tarde, uma hora depois.
Quando o polícia chegou, MacLarens
convidou-o a entrar.
- Sou o Sebastien, o polícia que
contataram. Qual de vocês é Joshua MacLarens? – Perguntou.
- Sou eu. Decerto conhece Fréderique
Lasone, chefe da AFCC. Ele diz que eu corro perigo por razões que nem eu
compreendo bem e por isso preciso de pelo menos três polícias que me vigiem em
turnos, todos os dias. É difícil arranjar alguém que aceite estas condições e,
para dificultar ainda mais, só temos dois dias para encontrar os três. –
Explicou MacLarens.
- Vejo que estão numa situação complicada.
Eu tenho mulher e uma filha. Seria possível o meu turno ser à noite, para
passar o dia com elas? – Perguntou o polícia.
- Sim, claro. Isso é a sua maneira de
dizer que aceita?
- Obviamente que não é uma decisão fácil.
Mas é melhor que trabalhar na AFCC de Borgonha, longe da família. – Disse
Sebastien.
- Pode começar a trabalhar já amanhã cedo.
Depois preparamos melhor os pormenores.
- Concordo. Quando arranjar os três
agentes, comunicarei com eles.
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