NOTA PRÉVIA
O decaedela publica hoje o centésimo artigo e passa a adotar o acordo ortográfico.
Vou recebendo correio eletrónico a criticá-lo, mas sou a favor. Escrevi, em tempos, neste blogue, um parágrafo mais ou menos assim: fundámos a sociedade mas, atualmente, detemos apenas 5 ou 6 por cento das ações; poderemos continuar a dirigi-la?
Sei que as línguas são vivas e divergem. Acredito, ainda assim, na bondade de um instrumento regularizador. E, ao contrário do que tenho lido e ouvido, este acordo nem me parece mau.
MÁSCARAS
MÁSCARAS
Quase todos os homens representam. Há muitos que usam duas máscaras e alguns nem ao espelho se desvendam.
Julgo que a sua produção é tão velha como as primeiras sociedades humanas. Continuam a ser usadas em vários recantos da Europa, nomeadamente em Portugal. Feitas de materiais perecíveis como fibras vegetais ou madeira, resistem mal ao tempo. Apenas as mais recentes chegam até nós.
Honduras
Honduras
Não sendo igual a evolução dos vários agrupamentos humanos, sou tentado a aceitar que todas passaram por fases mais ou menos semelhantes. Essa parte da História apagou-se, provavelmente para sempre.
Brasil
Brasil
A África é uma janela aberta para o passado dos homens. Será por isso que me deslumbra e seduz. Para mais cresci lá, ainda que num ambiente europeu transplantado. A grande maioria das minhas máscaras é africana.
Tailândia
A exceção mais importante reside no México, onde adquiri vários exemplares. Comprei-os em Oaxaca, uma cidade de meio milhão de habitantes situada algumas centenas de quilómetros ao norte de Chiappas. Não são produzidas ali: vêm de Santa Cruz, uma cidade litoral distante dos roteiros turísticos. A influência dos índios é clara.
Marrocos
Tailândia
A exceção mais importante reside no México, onde adquiri vários exemplares. Comprei-os em Oaxaca, uma cidade de meio milhão de habitantes situada algumas centenas de quilómetros ao norte de Chiappas. Não são produzidas ali: vêm de Santa Cruz, uma cidade litoral distante dos roteiros turísticos. A influência dos índios é clara.
Marrocos
Entre os negros de África, as máscaras acompanham cada passo da vida social. Fazem de juízes, guardiões dos costumes e pedagogos. Abrem aos jovens as portas da comunidade, nas cerimónias de iniciação. Continuam a ser levadas a sério, nos dias de hoje, por muitos africanos, sobretudo no sul, onde mal chegou a iconoclastia muçulmana. Dão morada aos espíritos. Quem as usa, por um tempo, deixa de ser quem é. Um homem esbate-se na dança e deixa-se possuir pelas almas dos antepassados.
Veneza
Veneza
Cada máscara tem uma história e um significado. Se os dados não são colhidos na altura da aquisição, perdem-se para sempre. É possível localizar a origem e até a função de algumas, estabelecendo paralelos com exemplares publicados em livros e revistas. É o que eu tento fazer, com sucesso limitado. Estou a exibir no decaedela algum do meu artesanato africano. Tanto quanto sei, trata-se de cópias. Poucos exemplares terão sido “dançados”.
Portugal
Portugal
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