ABRIL
I
No arrastar da noite permitida
pranteámos o desencanto
e no tear difícil das vontades
invocámos o dia depois.
Quando a navalha de luz disse manhã
no ventre escuro da terra antiga e amarga,
ofuscou-nos e quase nos cegou
aquele alvorecer desencoberto.
ABRIL
II
Lisboa decretou a primavera
e riu-se, desdentada.
Era a festa.
Soltas da gaiola da cidade
as casas,
de asas mouras,
pestanejaram nos céus
e foram as gaivotas assombradas
chamar de volta os marinheiros velhos:
Ao Tejo! Ao Tejo! E à terra morna
de vinho e azeitonas.
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