DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

sábado, 5 de abril de 2014

         A MINHA EXPERIÊNCIA COMO MÉDICO 

                       DO NAVIO HOSPITAL GIL EANNES
                       I

        Um Pouco de História


 Não se sabe há quanto tempo se dedicam os portugueses à pesca do bacalhau. Será, pelo menos, desde o reinado de D. Dinis. 


A História regista lutas antigas pelo controlo das áreas de pesca. Em 1478, as autoridades dinamarquesas encerraram aos estrangeiros os pesqueiros da Islândia que, à data, controlavam. Os pescadores bretões, bascos, ingleses e portugueses tiveram de procurar outras zonas de pesca.
Os portugueses descobriram então a Terra Nova. Dizia-se que havia tanto peixe nos seus Bancos que os cardumes chegavam a impedir o avanço das embarcações. Notícias destas, verdadeiras ou falsas, propagaram-se depressa. As frotas pesqueiras da Europa deslocaram-se para lá.


Esta carta data de 1546 e mostra a Terra Nova, que os portugueses consideravam sua. Estabeleceram pequenas povoações em terra, durante os meses quentes.
Nos primeiros anos do Século XVI saíam anualmente, só de Aveiro, 60 navios com destino à Terra Nova. Em 1550, eram 150, muitos mais do que os que partiam para uma Índia.
A perda da independência nacional, em 1580, e o declínio do poderio ibérico levaram a que portugueses e espanhóis fossem expulsos da Terra Nova.

                               Armada Invencível
A pesca do bacalhau foi reiniciada apenas em 1885. Os portugueses já não sabiam capturar bacalhau. Tiveram de reaprender.
Entre o fim da terceira década do Século XX e o começo da sétima, a pesca do bacalhau andou ligada a dois navios hospitais que se sucederam com o mesmo nome: Gil Eannes. 

Tratava-se de homenagear  o comandante da primeira embarcação que passou o cabo Bojador, em 1434. 
No prolongamento do temido cabo, até longe da costa, as águas eram rasas e os recifes abundavam. Perderam-se diversas embarcações a tentar contorná-lo e nasceram histórias fantásticas de monstros marinhos.



Gil Eannes viajou na primavera, numa barca dum só mastro. Próximo do Bojador, afastou-se da costa e transpôs o Cabo do Medo sem sobressaltos. Deixou de haver obstáculos para a navegação dos navios portugueses ao longo da costa ocidental de África.

Fontes: 
Semedo de Matos, Luís. O Atlântico Noroeste e a Terra Nova (Terra dos Corte Reais). Em: Oceanos nº 45 - janeiro/março 2001. Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 
 Varela, Consuelo. O controlo das Rotas do Bacalhau nos séculos XV e XVI. Em: Oceanos nº 45 - janeiro/março 2001. Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 
Fotografias: Revista Oceanos, Internet, coleção particular.

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