Por que não falar de futebol? Não é cultura? E, se não for, nós somos apenas cultura?
A recente descida do River Plate à segunda divisão argentina doeu a muitos habitantes de Buenos Aires. Lembro-me de ter estado em frente da sede do clube rival, o Boca Juniores, implantado num bairro de casas pintadas de cores berrantes. Alegadamente, a tinta sobrou ou foi desviada de navios em reparação.
Como todos os produtos do formigueiro humano, as equipas de futebol nascem, crescem e definham. Desconheço os problemas que estão na origem da decadência do clube dos ricos da cidade e, com a troika dentro das fronteiras portuguesas, tenho mais com que me preocupar.
Olho para dentro. Temos menos de quatro vezes o número de habitantes da vizinha Espanha. As receitas da publicidade e, consequentemente, os proventos resultantes da venda de direitos de transmissão televisiva são muito inferiores. A venda de bilhetes para os jogos dá menos alegrias aos tesoureiros dos nossos clubes.
A liga espanhola conta, na primeira divisão, apenas mais duas equipas do que nós. Quantos clubes portugueses poderiam competir em Espanha com algumas possibilidades de sucesso?
Não seria razoável reduzir a uma dúzia o número de equipas que disputam a Liga em Portugal? O calendário poderia manter-se sem grandes mudanças, desde que se passasse de duas para três voltas. A questão de quem iria jogar dentro ou fora do próprio campo na terceira volta seria resolvida por sorteio.
Os jogadores que vemos no nosso futebol são quase todos importados. Vêem-se equipas inteiras sem um português. Sucedem-se os apelos à limitação das importações, para facilitar o equilíbrio económico do País. Porque não aplicar o conceito ao futebol? Pelo menos as equipas das divisões inferiores poderiam recorrer a mais "produtos portugueses".
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