SINOPSE DA HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO DE ANGOLA
II
DE CAMBAMBE A
BENGUELA. A RAINHA GINGA
Manuel Cerveira Pereira exerceu por duas vezes o cargo de Capitão-general de Angola. Na primeira, entre 1603 e 1606, atingiu Cambambe e mandou erigir ali um presídio.
As tentativas de conquistar Cambambe, onde, segundo alguns jesuítas, a prata era tanta que o brilho das montanhas ofuscava o olhar, haviam já custado centenas de vidas portuguesas. Desfez-se, então, um sonho que os nossos acalentavam há décadas: o das minhas de prata. Afinal, em Cambambe havia apenas chumbo.
Ruínas do presídio de Cambambe
As tentativas de conquistar Cambambe, onde, segundo alguns jesuítas, a prata era tanta que o brilho das montanhas ofuscava o olhar, haviam já custado centenas de vidas portuguesas. Desfez-se, então, um sonho que os nossos acalentavam há décadas: o das minhas de prata. Afinal, em Cambambe havia apenas chumbo.
Ruínas do presídio de Cambambe
Entretanto, a vila de
S. Paulo de Luanda alcançou certo desenvolvimento e foi promovida a cidade. Em
1618, foi levantada a fortaleza de São Pedro da Barra e, em 1634, a de São Miguel.
Luanda antiga
Foi mais ou menos por esta altura que a pequena colónia portuguesa passou a chamar-se Angola. O nome provém do título “Ngola”, dado aos sobas da região.
Luanda antiga
Foi mais ou menos por esta altura que a pequena colónia portuguesa passou a chamar-se Angola. O nome provém do título “Ngola”, dado aos sobas da região.
A fixação europeia seguia um
modelo mais ou menos uniforme. Os brancos erguiam as suas povoações junto à
costa, ao abrigo da artilharia dos navios. Neles se poderiam refugiar, em casos
de extrema necessidade. Ali estabeleciam contactos comerciais com os povos vizinhos.
A ambição dos recém-chegados a África era insaciável e os conflitos iam acontecendo. Os comerciantes que se aventuravam pelo sertão constituíam elementos fundamentais do processo de colonização.
Sempre que podiam, as autoridades portuguesas nomeavam sobas complacentes.
A ambição dos recém-chegados a África era insaciável e os conflitos iam acontecendo. Os comerciantes que se aventuravam pelo sertão constituíam elementos fundamentais do processo de colonização.
Sempre que podiam, as autoridades portuguesas nomeavam sobas complacentes.
Por volta de 1578,
começaram a fixar-se colonos portugueses em Benguela-a-Velha, onde é agora
Porto Amboim. A iniciativa não resultou e os colonos acabaram por se mudar mais
para sul. Levaram com eles o nome da povoação: Benguela. Iria tornar-se a
segunda cidade de europeus a ganhar espaço no território angolano.
Vista antiga de Benguela
Vista antiga de Benguela
Os presídios, ocupados
por degredados e pelos seus guardas, foram aumentando de número. Muxima foi
fundada em 1600, Cambambe em 1604 e Ambaca, junto ao rio Lucala, em 1614.
No ano de 1615,
entraram em cena os holandeses que ocuparam o porto de Mpinda, situado na
margem sul do Zaire, junto à foz. É a atual cidade angolana de Soyo. Na época,
era o principal porto da costa angolana. Seriam mais de 4.000 os cativos que
dali eram levados anualmente para o Brasil, com escala em S. Tomé.
Note-se que era na ilha
atlântica e não em Angola que, de começo, se instalavam os mercadores mais prósperos.
Os holandeses deram-se tão
bem naquele porto que até os pombeiros portugueses lhes vendiam escravos. A
explicação para o facto era simples: os dos Países Baixos pagavam melhor que a concorrência.
Nesse mesmo ano de
1615, o rei Filipe II de Portugal decidiu separar administrativamente os Reinos
de Benguela e de Angola. Tratava-se de encontrar e explorar as minas de cobre
que se julgavam existirem na região.
Manuel Cerveira Pereira iniciou o segundo mandato de Capitão-general de Angola em 1615. Acumulou as
funções com o governo de Benguela.
Em maio de 1617, fundeou na Baía das
Vacas. Desembarcou e fez construir o forte de São Filipe de
Benguela.
A miragem do cobre
durou ainda menos do que a da prata. As jazidas encontradas eram pobres.
As coisas correram mal
a Cerveira Pereira e o Reino de Benguela teve uma existência fugaz. Ano e meio
após a chegada, no começo de 1619, o governador foi expulso da povoação e
metido num bote. A corrente marítima foi misericordiosa e arrastou-o para
Luanda, onde arribou passadas quase três semanas.
Por volta de 1623, João
Correia de Sousa, novo governador da colónia, começou uma guerra com o Congo.
Seria breve. Desagradados com a interrupção do negócio de escravos, os colonos juntaram-se e expulsaram o governador. O governo português não se incomodou e
nomeou prontamente um substituto para João de Sousa. Chamava-se Fernão de Sousa
e dirigiu os destinos da colónia de 1624 a 1630. Foi ele quem deu início ao
conflito com Nzinga Mbandi, a celebrada rainha Ginga. A luta intermitente iria
prolongar-se por quatro décadas.
Em 1641, quando os
portugueses se preparavam para a Guerra da Restauração, os holandeses tomaram
Luanda. Benguela foi também ocupada.
Os nossos refugiaram-se
no forte de Massangano, onde se defenderam como puderam dos ataques de bandos
armados do Reino do Congo e da rainha Ginga, que se haviam passado para o lado
dos holandeses. Parece ser uma lei da história: os povos subjugados, ou em risco de o serem, tomam sempre o partido
de quem é circunstancialmente mais forte.
A guerra da
independência prolongou-se e D. João IV não podia dispensar forças que
defendessem as colónias africanas. O auxílio veio do Brasil. Em 1648, Salvador
Correia, curiosamente nascido em Cádis e filho de mãe espanhola, comandou a
frota que expulsou os neerlandeses.
O último rei do Ndongo
morreu em 1671, junto ao rio Cuanza, em luta com os portugueses. Nascia o reino
português de Angola. Ocupava o território do Reino do Ndondo e de parte do do
Reino de Matamba.
A rainha Ginga morrera de velhice, em 1663. Por altura da sua morte, o Reino da Matamba continuava
independente. Centrava-se na Baixa de Cassange, na região da atual Malanje.
Morta Nzinga Mbandi, o
seu reino mergulhou num período de instabilidade que facilitou o avanço das
forças portuguesas, uma vez mais aliadas aos imbangalas. Em 1681, o rei de
Matamba, batizado com o nome de Francisco Guterres, morreu em combate. Sucedeu-lhe a rainha
Verónica que assinou, em 1683, um tratado de paz com os portugueses. O reino da
Matamba perdia a autonomia.
No conjunto, os reinos
do Ndongo e da Matamba resistiram dois séculos às investidas dos colonos
portugueses.
Fontes:
Fonseca Santos, Henrique. A conquista de Angola. Os três reinos. Chiado Editora, Lisboa, 2013.
Internet.
Imagens: Internet.
Fontes:
Fonseca Santos, Henrique. A conquista de Angola. Os três reinos. Chiado Editora, Lisboa, 2013.
Internet.
Imagens: Internet.
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