SINOPSE DA HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO
DE ANGOLA
I
DE DIOGO CÃO A PAULO DIAS DE NOVAIS
Desde
as viagens de Diogo Cão, de 1483 a 1486, até às explorações levadas a cabo por
Hermenegildo Capelo, Roberto e Ivens e Alexandre Serpa Pinto, entre 1877 e
1875, a história da presença portuguesa em Angola decorreu de forma lenta e progressiva.
Não fossem os abalos provocados pela tentativa holandesa de substituição dos
interesses portugueses na costa ocidental de África, em 1641,
interrompida em 1647 pela intervenção dos homens e navios de Salvador Correia
de Sá e Benevides, e tudo se resumiria a uma sucessão de pequenos combates e ao fazer e desfazer de alianças com os sobas que dominavam o interior, tendo como fim principal a aquisição de
escravos, exportados essencialmente para os engenhos de açúcar do Brasil. Os
portugueses tornaram-se exímios em aproveitar as rivalidades entre reinos e
sobados e foram estendendo aos poucos as suas áreas de influência.
A
instalação progressiva de presídios, ocupados por degredados e pelos seus guardas,
deu apoio aos negociantes que se aventuravam pelo interior do território
Em
1483, Diogo Cão chegou ao Zaire e enviou emissários rio acima, numa primeira
tentativa de estabelecer contacto com o rei do Congo. Abandonou-os e prosseguiu
a viagem para sul, até ao cabo Lobo, tencionando recolhê-los no regresso. De
volta, fundeou na foz do grande rio e esperou algum tempo pelos seus
embaixadores. Como eles não vieram, fez alguns reféns africanos e rumou a
Lisboa.
Diogo
Cão regressou ao Zaire dois anos depois e, acompanhado por um guia, subiu o rio
até às cataratas de Ielala, a 90 milhas da foz. Recuperou os seus emissários,
por troca com os prisioneiros de torna-viagem. Começavam as relações entre os
reinos de Portugal e do Congo.
Inscrições de Diogo Cão em rochas da foz do tio Mponzo
A
nossa presença militar em África foi quase sempre complementada com a ação
missionária. O missal e o arcabuz davam-se bem e ganhavam força acrescida ao atuarem
juntos.
O
tráfico de escravos continuou sempre a crescer. A partir de 1530
intensificou-se, com a multiplicação dos engenhos de açúcar no Brasil. As
outras exportações do território de Angola eram o marfim e o cobre.
Em
1543, aproximaram-se do litoral norte de Angola os imbangalas, tribos jagas guerreiras provenientes de leste. Começaram por enfrentar os portugueses,
mas acabaram por se tornar seus aliados nas lutas contra os potentados
regionais.
As
relações dos portugueses com o reino do Ndondo, que ia do rio Dande, a norte de
Luanda, até além do Cuanza, a sul, tiveram um início complicado. Ndondo
ficava a sul do grande reino do Congo e prestava-lhe vassalagem. Em 1560, Catarina de Áustria, viúva de D.
João III e regente do reino, enviou ao Ndondo uma embaixada dirigida por Paulo
Dias de Novais. O rei fez-se caro e Paulo Dias esperou meio ano, na foz do Cuanza,
pela autorização para viajar para o interior. Chegada a Cabassa, a embaixada foi
retida na corte durante cinco anos. Quando o rei a deixou regressar, guardou
ainda como reféns os padres jesuítas que a integravam.
Paulo
Dias regressou a Angola em 1575, comandando uma frota considerável que aportou
à Ilha de Luanda. A ilha, então chamada "das cabras", delimitava uma baía com um excelente porto natural. Estavam lá estabelecidos cerca de 40 portugueses. A ilha era importante por fornecer conchas de zimbo, que serviam de moeda.
Os navios transportavam 700 homens. Metade eram soldados. Os outros eram mercadores, funcionários, religiosos e artífices, incluindo sapateiros, pedreiros e alfaiates. O objetivo da expedição era retirar ao reino do Congo o monopólio do fornecimento de escravos. A partir de então, o tráfico passou a fazer-se também a sul do rio Dande.
Os navios transportavam 700 homens. Metade eram soldados. Os outros eram mercadores, funcionários, religiosos e artífices, incluindo sapateiros, pedreiros e alfaiates. O objetivo da expedição era retirar ao reino do Congo o monopólio do fornecimento de escravos. A partir de então, o tráfico passou a fazer-se também a sul do rio Dande.
No
ano seguinte, Paulo Dias fundou Luanda. Ali, a água potável abundava e o morro, que foi
chamado de S. Paulo, constituía uma boa posição defensiva.
A população branca teve dificuldade em adaptar-se ao clima e padeceu com as doenças tropicais. Ainda assim, a povoação
foi-se alargando e dividiu-se em “cidade alta”, a zona nobre, destinada às
autoridades civis e religiosas e a “cidade baixa”, onde se instalava a maioria
dos habitantes.
Organizavam-se
as primeiras expedições armadas para a conquista do interior. Os sobas locais
resistiam e o sucesso dos combates variava. Aos poucos, e com a ajuda dos
imbangalas, os portugueses foram alargando a sua área de influência.
Foi Paulo Dias de Novais quem fundou o primeiro presídio português em terras
de Angola: Massangano.
Fonte:
Fonseca Santos, H. A conquista de Angola; Os três reinos. Chiado
Editora, Lisboa, 2013.
Imagens: Internet.
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