GREGÓRIO DA QUADRA
O Congo era considerado a porta de
entrada para a Etiópia, reino do Preste João, eventual aliado da cristandade na luta contra o
Islão.
Por volta de 1520, D. Manuel I incumbiu Gregório da Quadra da missão de ligar, por terra, os
reinos do Congo e da Abissínia. Parece tolice a quem olhar, nos dias de hoje, um
mapa de África, mas o conhecimento da geografia mundial foi um processo lento e
progressivo.
Gregório tinha um curriculum
invulgar. Antigo capitão de caravelas, viajante pela Pérsia e pelas margens do
Mar Vermelho, foi aprisionado e feito escravo em Aden. Escapou-se e, por sorte
e intrepidez, pôde alcançar Ormuz. Aprendeu a língua árabe nas caravanas de
camelos e aperfeiçoou-a nos calabouços de Aden. Converteu-se ao Islão: em Roma, sê romano! Era um
muçulmano-novo. A crença no Corão,
perdeu-a ao retomar a liberdade.
Foi enviado para Pinda. Esse nome é
comum em África. Existem Pindas em Angola, junto a Porto Alexandre, na África do Sul,
no Gana e em Moçambique. Julgo que a Pinda de Gregório da Quadra é uma povoação situada um pouco a sul da foz
do rio Zaire, perto de Conde, Soyo e Porto Rico.
O rei do Congo, D. Afonso, não se
mostrou colaborante e Gregório da Quadra acabou por regressar a Portugal. «… enfadado dos trabalhos do mundo, se meteo
frade na Ordem de S. Francisco dos Capuchos descalços, õde acabou sua vida…»
Referências:
Do Cabo de Stª Catarina à Serra
Parda. Carlos Alberto Garcia. Edições CITA, 1971.
De Angola à Contra Costa, Capello
e Ivens, Imprensa Nacional, Lisboa, 1886.
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