MONARQUIA E REPÚBLICA
Sou republicano. Para além de concordar com a Declaração
Universal dos Direitos do Homem que considera que todos os cidadãos nascem
iguais em direitos, sempre achei que entregar a responsabilidade do mando ao
jogo aleatório dos genes constituía uma imprudência. A seleção rigorosa dos
candidatos a governar os destinos de todos nós parece-me desde há muito uma exigência
natural.
Notícias antigas e recentes foram-me dando razão. O rei de
Espanha andou em África a caçar animais de grande porte e fez-se acompanhar da
amante. O azar de uma queda trouxe a viagem clandestina para as páginas da
imprensa. O problema é dele e dos espanhóis. Respeito os nossos vizinhos e não
quero saber da vida deles mais do que o que passa pela compra dos nossos
produtos de exportação.
Um príncipe inglês fez-se fotografar despido em público.
Perdoem o machismo, mas calhava-me melhor que fosse uma princesa. O problema é
dos bretões. Não me aquece nem me arrefece, a menos que haja outro Ultimatum.
A verdade é que eu sonhei sempre com uma República diferente.
Olho agora o meu País. Pedro Passos Coelho e António José Seguro parecem pintos
da mesma ninhada. Bonitos, elegantes, excelentes oradores, passariam facilmente
nos castings de admissão às
telenovelas. Se dispõem de inteligência acima da média, escondem-na bem. Se têm
ideias para enfrentar a crise que o País atravessa, não se dá por elas.
Infelizmente, foram escolhidos pelos portugueses para governar.
Quando se generalizaram os critérios de marketing para a escolha de governantes, a democracia entrou numa
rampa descendente e ninguém sabe onde irá parar. Como é sabido, os melhores
candidatos ao escrutínio público raramente são os melhores governantes. As
qualidades para cada uma das funções diferem substancialmente. Ao longo da
História coincidiram ocasionalmente na mesma pessoa a capacidade de sedução das
massas populares, o bom senso e a eficácia governativa. Trata-se de exceções. O
resultado da regra está à vista. Reagan, um ator profissional foi presidente da
maior democracia do mundo. Não fez pior nem melhor do que os outros.
Continuo a ser republicano. Reconheço contudo que El-Rei D.
José Primeiro, por mais burro que fosse, teve a esperteza de escolher Sebastião
José para mandar, evitando interferir na governação do País.
Sem comentários:
Enviar um comentário