FALEMOS DE FUTEBOL
Assisti há dias, pela televisão, a um desafio de futebol
entre o Porto e o Zenith. A menos que eu esteja enganado, tanto a equipa “russa”
como a “lusitana” alinharam de início com o mesmo número de portugueses: um de
cada lado.
O número espantoso de jogadores estrangeiros nas equipas
portuguesas da Primeira Liga (e não só) até já mereceu críticas ao Presidente
da República, que há de ser adepto do Farense ou do Portimonense. Em tempos de
crise, é necessário limitar as importações e a maioria dos artistas da bola é
importada.
Por outro lado, Portugal, como menos de um quarto da
população espanhola e com receitas publicitárias ainda mais desproporcionadas,
conta, na “primeira divisão”, com quase tantas equipas como os nossos vizinhos.
Quantas equipas portuguesas têm capacidade para competir no campeonato espanhol?
Quatro? Doze?
Os orçamentos para o futebol são distintos na Primeira Liga e
na Divisão de Honra. A necessidade de reduzir o número das equipas que competem
na divisão maior parece óbvia e implicaria não só poupanças significativas mas
também a elevação da qualidade média das partidas. Toda a gente sabe que muitos
clubes de futebol vivem acima das suas posses e que alguns estão tecnicamente
falidos. Ainda por cima, a pobreza de algumas partidas é lastimosa.
O interesse pela assistência aos jogos está relacionado com a
qualidade do futebol exibido. Se as partidas forem mais equilibradas e
competitivas, o desporto ficaria a ganhar. Soluções? Acho que toda a gente as
conhece e que ninguém tem coragem para as implementar. Há que reduzir
drasticamente o número de equipas que disputam o campeonato português da “primeira
divisão”. Como fazê-lo, sem encolher o calendário desportivo?
Vejo duas soluções: um campeonato a quatro voltas, com nove
equipas, ou um campeonato a três voltas, com doze equipas. A segunda solução
seria mais consensual, mas é assimétrica. Seria preciso definir por sorteio quem
iria disputar dois jogos fora cada ano.
Com qualquer destes modelos, o número total de jogos que cada
equipa disputa seria idêntico ao de hoje. A qualidade das partidas melhoraria e
os orçamentos das equipas das divisões secundários poderiam ser mais realistas.
A importação de jogadores estrangeiros iria diminuir.
Que sei eu de futebol, para estar aqui a dar palpites? Não muito,
na verdade. Mas de médico, de louco e de treinador de futebol, todos temos um
pouco…
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