DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

sábado, 1 de outubro de 2011


                             FALEMOS DE FUTEBOL


Assisti há dias, pela televisão, a um desafio de futebol entre o Porto e o Zenith. A menos que eu esteja enganado, tanto a equipa “russa” como a “lusitana” alinharam de início com o mesmo número de portugueses: um de cada lado.
O número espantoso de jogadores estrangeiros nas equipas portuguesas da Primeira Liga (e não só) até já mereceu críticas ao Presidente da República, que há de ser adepto do Farense ou do Portimonense. Em tempos de crise, é necessário limitar as importações e a maioria dos artistas da bola é importada.
Por outro lado, Portugal, como menos de um quarto da população espanhola e com receitas publicitárias ainda mais desproporcionadas, conta, na “primeira divisão”, com quase tantas equipas como os nossos vizinhos. Quantas equipas portuguesas têm capacidade para competir no campeonato espanhol? Quatro? Doze?
Os orçamentos para o futebol são distintos na Primeira Liga e na Divisão de Honra. A necessidade de reduzir o número das equipas que competem na divisão maior parece óbvia e implicaria não só poupanças significativas mas também a elevação da qualidade média das partidas. Toda a gente sabe que muitos clubes de futebol vivem acima das suas posses e que alguns estão tecnicamente falidos. Ainda por cima, a pobreza de algumas partidas é lastimosa.
O interesse pela assistência aos jogos está relacionado com a qualidade do futebol exibido. Se as partidas forem mais equilibradas e competitivas, o desporto ficaria a ganhar. Soluções? Acho que toda a gente as conhece e que ninguém tem coragem para as implementar. Há que reduzir drasticamente o número de equipas que disputam o campeonato português da “primeira divisão”. Como fazê-lo, sem encolher o calendário desportivo?
Vejo duas soluções: um campeonato a quatro voltas, com nove equipas, ou um campeonato a três voltas, com doze equipas. A segunda solução seria mais consensual, mas é assimétrica. Seria preciso definir por sorteio quem iria disputar dois jogos fora cada ano.
Com qualquer destes modelos, o número total de jogos que cada equipa disputa seria idêntico ao de hoje. A qualidade das partidas melhoraria e os orçamentos das equipas das divisões secundários poderiam ser mais realistas. A importação de jogadores estrangeiros iria diminuir.
Que sei eu de futebol, para estar aqui a dar palpites? Não muito, na verdade. Mas de médico, de louco e de treinador de futebol, todos temos um pouco…

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