ACABOU
O FOLCLORE
Chegou ao fim o espetáculo
mediático mais impressionante do começo deste século. Terminado o show, virá ao de cimo a realpolitik e irão preponderar os
interesses permanentes do Estado Americano.
Surpreendentemente (ou
não) o discurso de vitória de Donald Trump foi de apaziguamento e de apelo à unidade
da nação. Trump prometeu ser o presidente de todos os americanos,
independentemente da raça, religião ou proveniência de cada um. São afirmações
comuns nos discursos de vitória um pouco em toda a parte, mas poderão
revestir-se, neste caso concreto, de um significado especial.
De nada serve especular sobre
se aconteceu a vitória de Donald Trump ou a derrota de Hilary Clinton. Hilary
também não é flor que se cheire. Se concorresse contra o mesmo adversário,
ganharia (provavelmente) por larga margem na Inglaterra, na França, na Grécia, em
Portugal e na Espanha. Lá mais para o centro da Europa, já tenho as minhas
dúvidas. Julgo que foi Trump que ganhou. Um número significativo de
compatriotas seus considera-o um exemplo vivo do sonho americano.
Vamos a ver se o obamacare (ou a pequena porção dele que
saiu do papel) vai ser desmantelado e se o apregoado muro na fronteira com o
México se tornará realidade. Os americanos não têm um Mar Mediterrânico, mas têm
o golfo do México e as águas costeiras da Califórnia. Se têm sido pouco
utilizados pelos emigrantes ilegais é porque é relativamente fácil de transpor
a fronteira de milhares de quilómetros que se estende do Oceano Atlântico ao
Pacífico e separa o sul dos E.U.A. do norte do México. A ser construído o muro,
será de prever que a indústria mexicana do século venha a ser o fabrico de
escavadoras. A fronteira irá parecer-se com um vasto campo de toupeiras com um
muro inútil em cima. Os mexicanos não pagarão a construção da barreira, mas
irão contribuir alegremente para a escavação de túneis.
No rescaldo das eleições
presidenciais americanas fica, sobretudo, uma nota triste. A falta de respeito
com que os dois candidatos se trataram um ao outro não prestou um bom serviço à
Democracia.
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