JERÓNIMO BOSH
O JARDIM DAS DELÍCIAS TERRENAS
I
PAINEL CENTRAL
Jeroen (Hieronymus) van
Anken nasceu na Holanda em 1450 e viveu 56 anos. A sua obra é absolutamente
invulgar e não se parece com a de qualquer artista que o tenha precedido. É o
pintor mais original da história da cultura europeia.
Bosh preferia temas
alegóricos em que criticava os excessos e a desonestidade dos homens. Pintou
diversos quadros seguindo textos bíblicos. Muitos perderam-se. Alguns foram
mesmo destruídos por altura da Reforma.
AS TENTAÇÕES DE SANTO ANTÃO
Existem perto de 40
quadros seus dispersos por museus da Europa e da América. Entre os mais
conhecidos contam-se As Tentações de Santo Antão, exposto no Museu Nacional de
Arte Antiga, em Lisboa, e O Jardim das Delícias Terrenas, que se encontra no Museu do Prado, em Madrid.
O JARDIM DAS DELÍCIAS TERRENAS
Julga-se que o quadro foi
pintado entre 1503 e 1504. Há quem diga que foi
produzido para uma seita herética adamita que praticava a liberdade sexual. Para
outros, a pintura foca-se no pecado da luxúria.
Aberto o tríptico, figura de um lado o Paraíso
e do outro o Inferno. Entre os dois extremos fica a Vida. Está simbolizada no
painel central: o homem deixa-se levar pelos prazeres dos sentidos.
Começaremos pelo centro. O painel do meio
está organizado em três estratos, ou andares. No espaço superior, ao meio, uma
estrutura cilíndrica encimada por uma torre que se vai afilando flutua num
lago, ou assenta no seu fundo. Tem no equador um estrado em que se veem figuras
humanas, enquanto outras se banham mais abaixo. Os homens e as mulheres
representados neste quadro estão despidos. No campo vizinho abundam as árvores
de fruto.
À esquerda, um círculo de
pessoas sentadas na relva parece tentar comer um morango gigantesco.
Alguns frutos e animais
foram considerados símbolos eróticos, influenciados por canções e provérbios
daquele tempo. Os peixes, por exemplo, eram símbolos fálicos, enquanto “apanhar
frutos” designava o ato sexual.
O estrato mediano é
centrado pela fonte da vida ou da eterna juventude onde se refresca um grupo de
mulheres. Há negras entre elas. À volta da fonte desfila
um grupo de cavaleiros montados em animais fantásticos agrupados em quadrigas
irregulares.
Veem-se grandes pássaros, que simbolizarão a luxúria.
O andar inferior é ocupado
por dezenas de figuras nuas. Trata-se muitas vezes de casais, mas em alguns
agrupamentos são mais complexos.
Os observadores mal intencionados veem neles
cenas de luxúria. Há quem diga que Bosh pintou ali todo o tipo de relações carnais:
heterossexuais, homossexuais e onanistas. Alguns personagens trocam carícias
com animais e com plantas.
Curiosamente, os pecadores
de Bosh não mostram sinais de arrependimento. Entregam-se alegremente à perdição.
Alguns observadores
atentos fizeram notar que ali não se dá pela passagem do tempo. Não se veem
velhos nem crianças. Ninguém trabalha. Comem-se os frutos que a terra dá
espontaneamente. (Continua)
Fontes:
Bosing, Walter. A Obra de Pintura - BOSH. Taschen, Público, 2003.
Vários, Hieronymus Bosh, Grandes Pintores do Mundo, E-Ducation.it portfolio.
Vários. Bosh. Em: Génios da Pintura, Góticos e Renascentistas, Abril Cultural, São Paulo, 1980. Vários. Renascimento e Maenirismo. Em: A grande História da Arte. Público, 2006.
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