ÁFRICA A PÉ
SERPA PINTO
Alexandre de Serpa Pinto
foi um dos últimos heróis portugueses do século XIX. Como Hermenegildo Capelo e
Roberto Ivens, colaborou nos tardios esforços desenvolvidos pelo governo
português para reconhecer e cartografar o interior do sul do continente africano,
tentando preparar a «ocupação efectiva» dos territórios, no âmbito do projecto
de reclamar para Portugal as vastas regiões situadas entre Angola e Moçambique,
no sonho do chamado «mapa cor-de-rosa», megalómano pela desproporção entre as
ambições nacionais e os meios disponíveis para as concretizar.
Nasceu em Tendais
(Cinfães) na primavera de 1846 e viria a morrer nos últimos dias do século.
Fidalgo, filho de um
médico miguelista, herdou o nome do avô, um conhecido político liberal. Estudou
no Colégio Militar e, em 1969, com 23 anos, integrou uma coluna irregular que
viajou até à África Oriental para combater na região do rio Zambeze, os
rebeldes do Bonga.
Oito anos volvidos,
acompanhou a fase inicial da expedição conjunta com Capelo e Ivens, projectada
para estudar as relações hidrográficas entre as bacias dos rios Zaire e Zambeze, as terras do Iácca, situadas entre Angola e Moçambique. De feitio
voluntarioso, desentendeu-se com os seus companheiros e tomou a iniciativa de
romper com o plano inicial. Passou o Zambeze, saiu das fronteiras actuais de
Angola, percorreu regiões da Zâmbia, Zimbabwe e África do Sul, até atingir
Durban, em 1879. Relatou a sua travessia no livro «Como eu atravessei África».
Foi nomeado
governador-geral de Moçambique e procurou alargar a área efectiva de
implantação da soberania portuguesa. A sua atitude quixotesca de mandar arriar
as bandeiras inglesas num espaço disputado entre as duas soberanias, perto do
Lago Niassa, teve um eco profundo e duradouro no imaginário português abalado
pelo ultimato britânico de 1890. Por essa altura, Serpa Pinto seria a personagem
mais popular de todo o Portugal.
Três vezes deputado pelo
Partido Regenerador, foi ainda cônsul-geral para o Zanzibar e governador-geral
de Cabo Verde. O seu nome foi dado à vila de Menongue, término do
caminho-de-ferro do Namibe, no sudeste de Angola, durante o período colonial.
Fontes:
De Angola à Contra-costa, Capello e Ivens, Imprensa Nacional, Lisboa, 1886.
Internet
Fotografias e gravura: Internet
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