DE CÁ E DELÁ

Daqui e dali, dos lugares por onde andei ou por onde gostaria de ter andado, dos mares que naveguei, dos versos que fiz, dos amigos que tive, das terras que amei, dos livros que escrevi.
Por onde me perdi, aonde me encontrei... Hei-de falar muito do que me agrada e pouco do que me desgosta.
O meu trabalho, que fui eu quase todo, ficará de fora deste projecto.
Vou tentar colar umas páginas às outras. Serão precárias, como a vida, e nunca hão-de ser livro. Não é esse o destino de tudo o que se escreve.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011


                                             ÁFRICA A PÉ

                SERPA PINTO


Alexandre de Serpa Pinto foi um dos últimos heróis portugueses do século XIX. Como Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, colaborou nos tardios esforços desenvolvidos pelo governo português para reconhecer e cartografar o interior do sul do continente africano, tentando preparar a «ocupação efectiva» dos territórios, no âmbito do projecto de reclamar para Portugal as vastas regiões situadas entre Angola e Moçambique, no sonho do chamado «mapa cor-de-rosa», megalómano pela desproporção entre as ambições nacionais e os meios disponíveis para as concretizar.
Nasceu em Tendais (Cinfães) na primavera de 1846 e viria a morrer nos últimos dias do século.
Fidalgo, filho de um médico miguelista, herdou o nome do avô, um conhecido político liberal. Estudou no Colégio Militar e, em 1969, com 23 anos, integrou uma coluna irregular que viajou até à África Oriental para combater na região do rio Zambeze, os rebeldes do Bonga.


Oito anos volvidos, acompanhou a fase inicial da expedição conjunta com Capelo e Ivens, projectada para estudar as relações hidrográficas entre as bacias dos rios Zaire e Zambeze, as terras do Iácca, situadas entre Angola e Moçambique. De feitio voluntarioso, desentendeu-se com os seus companheiros e tomou a iniciativa de romper com o plano inicial. Passou o Zambeze, saiu das fronteiras actuais de Angola, percorreu regiões da Zâmbia, Zimbabwe e África do Sul, até atingir Durban, em 1879. Relatou a sua travessia no livro «Como eu atravessei África».


Foi nomeado governador-geral de Moçambique e procurou alargar a área efectiva de implantação da soberania portuguesa. A sua atitude quixotesca de mandar arriar as bandeiras inglesas num espaço disputado entre as duas soberanias, perto do Lago Niassa, teve um eco profundo e duradouro no imaginário português abalado pelo ultimato britânico de 1890. Por essa altura, Serpa Pinto seria a personagem mais popular de todo o Portugal.
Três vezes deputado pelo Partido Regenerador, foi ainda cônsul-geral para o Zanzibar e governador-geral de Cabo Verde. O seu nome foi dado à vila de Menongue, término do caminho-de-ferro do Namibe, no sudeste de Angola, durante o período colonial. 

Fontes: 
De Angola à Contra-costa, Capello e Ivens,  Imprensa Nacional, Lisboa, 1886.
Internet
Fotografias e gravura: Internet

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