Na noite de 5 de Dezembro de 1917, aproveitando a deslocação de Afonso Costa ao estrangeiro, Sidónio Pais, apoiado pelo jovem tenente Teófilo Duarte, entrou na Escola de Guerra e no Quartel de Artilharia 1. Reuniu 1.500 homens e fê-los acampar na Rotunda, ao fundo do Parque Eduardo VII.
Diz-se que uma das companhias se juntou à revolta apenas para não embarcar para a Flandres. Ouviram-se gritos:
- Abaixo a guerra! Nem mais um homem para a guerra!
Tacticamente, repetia-se o 5 de Outubro, com poucos oficiais (quase todos cadetes e alferes), abundância relativa de peças de artilharia e ocupação de um ponto estratégico de Lisboa.
A marinha posicionou-se do lado do governo e alguns navios abriram fogo sobre a Rotunda. Sidónio Pais tinha em especial atenção o Gil Eannes. O segundo comandante era o seu irmão António Pais.
O Guadiana mostrava-se demasiado certeiro na pontaria. O capitão Cameira dirigiu-se aos seus artilheiros:
- Dou uma libra de ouro a quem meter uma granada no Guadiana!
O sargento Andrade afinou a sua peça e acertou em cheio por três vezes.
As coisas estavam a correr bem aos revoltosos.
As tropas governamentais atacaram os rebeldes apenas na manhã do dia 7. Eram cerca de 1.200 homens, entre marinheiros e soldados da Guarda Republicana e da Guarda Fiscal.
A luta foi curta. Boa parte dos oficiais democráticos leais a Costa encontrava-se na Flandres. À semelhança de 1910, a vantagem dos revoltosos em canhões decidiu o combate.
A maioria dos sindicalistas manteve-se neutral. Os lisboetas encolheram os ombros. Houve quem aproveitasse a confusão causada pelos combates para saquear uma vez mais as lojas da cidade.
No dia seguinte, o governo demitiu-se. Quando Afonso Costa regressou a Portugal, foi preso. A populaça de Lisboa, que antes o havia carregado em ombros, assaltou-lhe a casa e lançou-lhe os móveis pelas janelas. As residências de Norton de Matos e de Leote do Rego foram também vandalizadas.
Depois de passar algum tempo na prisão, Costa exilou-se em França. Sentia-se atraiçoado pelos seus. Até ao fim da vida, iria passar poucos dias em Portugal.
Imagens: Internet
Também publicado em Milhafre.
Feliz Natal e Boas Festas!
ResponderEliminarAbraço!