UM PAÍS, DUAS MOEDAS
Enquanto o Orçamento do Estado for deficitário, Portugal continuará a
precisar de pedir dinheiro emprestado ao estrangeiro. Cada ano se deve mais. Os
juros da dívida constituem um peso crescente nas nossas contas externas. Em
breve se tornarão incomportáveis.
Quando os países dispunham de moeda própria, a sua desvalorização constituía
um instrumento de equilíbrio da balança comercial. Com a adesão ao Euro,
perdemos independência também neste aspeto. Somos, em boa parte, governados de
fora. Há quem pense que teremos de abandonar em breve a moeda única europeia.
A Troika impôs medidas restritivas com um impacto brutal na nossa
economia. Trouxe com ela a recessão. As televisões noticiam diariamente novas
falências de empresas. A taxa de desemprego atingiu níveis até agora
desconhecidos no nosso País e vai continuar a crescer. Os impostos asfixiam os
orçamentos familiares e a redução do poder de compra arruína os empresários que
produzem para o mercado interno.
Aceito que uma família ou um Estado não podem gastar nem mais um cêntimo
a mais do que ganham. Julgo, contudo que a desgraça não está inscrita no nosso
ADN. Há soluções para a crise.
É preciso lembrar que só precisamos da Troika para pedir mais dinheiro
emprestado.
Respeitando todos os nossos compromissos externos, há que regressar
temporariamente à emissão de moeda nacional. Ela pode e deve coexistir com o
Euro durante o tempo necessário para reformar os órgãos do Estado.
O Estado Português passaria e emitir cada ano obrigações do tesouro
equivalentes ao défice do seu Orçamento, enquanto este persistir. Seriam
reembolsadas a 3 anos, com juros iguais à inflação. Poderiam ter qualquer nome,
inclusive escudo. Uma parte dos pagamentos do Estado aos funcionários e
pensionistas seria feita nesta moeda.
Significaria substituir compulsivamente a dívida externa por dívida
interna, sem juros. Essas obrigações circulariam sob a forma de papel moeda
sendo obrigatoriamente aceites para todas as transações dentro das nossas
fronteiras, com exceção do pagamento de impostos. Os Bancos abririam diversos
tipos de contas nessa moeda.
O mercado encarregar-se-ia de regular a sua cotação em relação ao Euro.
Não haveria necessidade de contrair mais empréstimos externos. A reforma do
Estado e o equilíbrio da balança comercial poderiam ser conseguidos de forma
mais gradual. O peso sobre os contribuintes e sobre as empresas seria, em parte
aliviado. O emprego começaria provavelmente a crescer ainda este ano.
Já pensaram que podíamos mandar a Troika embora no fim de 2013?
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