É com orgulho que publico neste blogue a primeira colaboração da minha neta. A Leonor vai fazer onze anos. O continho que apresento não é o primeiro, nem há-de ser o último que ela escreve. A iniciativa foi da menina e nenhum adulto lhe melhorou o português. Neta de peixe...
O GENERAL SÉRGIO
Num país longínquo, chamado Termineira, vivia um homem com o nome de Sérgio. Trabalhava no quartel militar e era general. Era de estatura mediana, tinha mãos grandes, braços musculados, cara redonda, olhos pequenos, nariz grande e umas orelhas pequenas. Na Termineira todos tinham muito respeito por ele, mas achava-no um pouco antipático.
Todos os dias, ao levantar, dava trinta voltas ao quartel, levantava cinquenta vezes os pesos e fazia cem flexões e à noite repetia os mesmos exercícios. Nunca casou nem teve filhos e viveu sempre em casa da mãe.
A sua mãe chamava-se Arlete. Tinha 97 anos e era reformada. Era baixa, corcunda, gorda, tinha cabelos brancos, óculos redondos e tinha sempre uma bengala e uma mala para bater nos mais novos. Os habitantes da Termineira tinham medo dela, pois ela lhes batia e eles não a queriam atacar por ela ser idosa. A Dª Arlete tinha uma imensidão de orgulho no filho, pois no tempo dela os homens tinham de ir para a guerra e ser general era um cargo muito importante.
No dia 3 de Março, nos anos da rainha Leonor, rainha da Temineira, o Sérgio, os polícias e o resto dos militares estavam todos na resta. As ruas não estavam seguras e as pessoas estavam com muita liberdade. Apesar de toda a gente se estar a divertir muito, o Sérgio estava muito preocupado mas, se abandonasse a festa, muita gente iria reparar. O que iria ele fazer? De repente, Sérgio teve uma ideia: podia fingir estar com gripe.
- Desculpe, minha dama, parabéns, eu tenho de me ir embora, pois estou com gripe - pediu Sérgio, um pouco envergonhado, mas com a mesma voz grossa de sempre.
- Ai, pode ir, eu aviso os outros convidados - afirmou a rainha Leonor.
Quando voltou à Termineira não viu nada de preocupante, na rua não estava ninguém, a não ser uma senhora. Parecia ter a idade de Sérgio, era muito bonita e parecia estar perdida. Sérgio dirigiu-se a ela e com a voz grossa de sempre, perguntou:
- Está perdida?
- Sim, a rua está deserta.
- Claro, os polícias e os militares estão todos na festa da rainha Leonor. Agora toda a gente está em casa com medo, declarou Sérgio.
- Mas você, vestido à militar, não devia estar na festa? - Inquiriu a senhora.
- Devia, mas estava muito preocupado, por isso fingi estar doente.
-Ah... Já agora, como se chama?
- Chamo-me Sérgio e sou general no quartel militar - respondeu-lhe. E você?
- Eu sou Margarida e trabalho no jornal militar.
- Margarida Manaté! - Gritou Sérgio.
- Sim, sou eu. Conhece-me?
- Claro que conheço. Você é do quartel de Arnes. O que veio cá fazer?
- Fui despedida e resolvi vir trabalhar para o seu quartel, se puder.
- Não há dúvida que pode. Se quiser, começa já.
- Posso começar por lhe fazer uma entrevista? - Pediu Margarida.
- Seria um prazer.
- No fim da entrevista, Margarida perguntou:
- Tem algum sítio onde eu possa dormir esta noite?
- Sim, a minha mãezinha está em casa da minha irmã, pode dormir no quarto dela.
No mês seguinte, quando já todos conheciam a Margarida, ela ganhou o prémio de melhor jornalista e, no ano seguinte, Margarida e Sérgio casaram-se. Tiveram três filhos: o João, a Arlete e o Tomás.
Quando as crianças cresceram, os rapazes foram para a tropa e a Arlete ficou jornalista. A história que vos acabei de contar repetiu-se de geração em geração nesta família.
LEONOR BALTASAR
Boa noite, António! Simplesmente, genial, fabuloso e perfeito. Parabéns Avô, parabéns, Leonor. Adorei o conto (O GENERAL SÉRGIO)
ResponderEliminarEncanta e maravilha, sabes? É uma preciosidade rara de ouro puro,a Leonor. Sem palavras mais dada a pureza e notável beleza. Perfeito! É isso...Palavras serão o 'alimento', da Leonor. Continua.
Carinhoso beijo, Leonor
obrigada, Leonor Baltazar
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