quarta-feira, 4 de abril de 2018



NO BICENTENÁRIO DO 

NASCIMENTO DE KARL MARX

III

           DIALÉCTICA

É sabido que existem ignorantes atrevidos que se atrevem a pôr em causa ideias que conhecem mal. Falo de mim.
Durante muitos anos aceitei que o conceito de Dialética, lançado por Hegel e aperfeiçoado por Feuerbach e Marx explicava satisfatoriamente a evolução do mundo e das sociedades.
A dada altura da minha vida, deu-me para descrer da dialéctica. Parece-me demasiado esquemática e mal adequada a explicar a confusão do Universo. A união e a luta dos contrários afigura-se-me simplista. Nem sempre serão contrários os múltiplos elementos que compõem o mundo e a nós próprios. Conhecemos apenas uma parte deles. Umas vezes digladiar-se-ão, enquanto outras constituirão alianças, trocarão partes ou, simplesmente, se ignorarão mutuamente.


Agrada-me mais o conceito de Lavoisier, que foi filósofo sem o pretender ser. Enunciou o princípio de conservação da matéria: na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Alegadamente, o russo Mikhail Lomonossov terá chegado anos antes a uma conclusão semelhante.
Sinto-me tentado há muito a alargar esse princípio à energia, e assim ao conjunto do cosmos. Não alimento ilusões megalómanas: muitos outros o terão feito antes de mim.
Seria assim mais fácil entender o Universo: não começou e não terá fim, nem no tempo, nem no espaço. Se se dilata numa região, como asseguram os físicos que está a acontecer agora, há-de contrair-se noutra. As forças centrífugas e centrípetas hão de contrabalançar-se. À escala cósmica, o Big Bang não passará de outra madrugada.



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