segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

                    

        PADRE COSTA DE TRANCOSO





Trancoso é uma pequena cidade muralhada da Beira Interior Norte. Dista 37 quilómetros da Guarda e 46 de Foz Coa.  É conhecida sobretudo pelas figuras incomuns do padre Francisco da Costa, que viveu no século XV, e, sobretudo, pela de Gonçalo Anes, o Bandarra, sapateiro, profeta e trovador do século XVI. No último quartel do século XX sobressaiu na povoação a figura de Ângelo de Trancoso, contrabandista, valente, que serviu de homem de mão a alguns elementos da extrema-direita portuguesa nos anos que se seguiram ao 25 de Abril. Publicou recentemente a sua auto-biografia.


Vou falar apenas do padre Costa, referindo o seu currículo peculiar, conforme consta da sentença contra ele proferida em 1487. 
Fez duzentos e noventa e nove filhos, «sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino» em cinquenta e três mulheres. À própria mãe, fez dois. À sua tia, Ana da Cunha, três. «De cinco irmãs, teve dezoito filhas». Dormiu com vinte e nove afilhadas, tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos. «De nove comadres teve trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas, de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas». Não fiz as contas finais e duvido de que ele as tenha feito. Atrevo-me a pensar que os homens da terra, na época, procurassem deslocar-se com os trazeiros encostados às paredes. 
«O padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, da idade de sessenta e dois anos foi condenado a ser degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime de que foi arguido e que ele mesmo não contrariou».
A sentença não foi executada. «El Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou pôr em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1487 e guardar no Real Arquivo da Torre do Tombo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo».


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