domingo, 15 de setembro de 2013


                                                   CAPÍTULO XIV



            No dia seguinte, quando passava pouco das nove, o som da campainha acordou toda a casa. No momento em que Mellie foi ver quem era, encontrou Nicole e Sebastien.
        − Vejo que já se conheceram. Entrem.
        Além dos agentes, encontrava-se lá também um homem fardado.
        − Este é Francis. É agente em Bordéus e eu sabia que ele queria vir para a cidade. Como ontem me disse para trazer alguém, decidi chamá-lo. Confio nele mais do que em ninguém. – Disse Nicole, apresentando-o sem grandes demoras.
        − Muito bem. Vou chamar o Joshua, para conhecerem a história dele e decidirem horários.
        Quando Joshua desceu, cumprimentaram-se. O rapaz contou a sua história e os motivos para precisar deles. Começou por falar da sua discussão com Marc seis anos antes dele falecer. Depois descreveu o seu rapto, as ameaças e as visões, seguido de como fugira do abrigo até chegar ali.
          Os agentes não sabiam o que dizer. Nunca tinham sabido daquela história e tinham ficado espantados como tanto acontecera a MacLarens em apenas três meses. Permaneceram os três calados até Nicole dizer:
        − A primeira coisa a fazermos é uma lista de quem tem acesso a todos os seus movimentos. Eu lamento dizer-lhe isto, mas tem de ser alguém perto de si. É a única maneira do assassino saber tudo isto.
        − Mas tem de ser alguém que também conhecesse Marc muito bem. – Interferiu Francis.
        − Ou então o assassino tem um espião. São as únicas hipóteses. – Concluiu Sebastien.
        − Todas as pessoas que me conhecem daqui, também conheceram Marc. Nessa lista, vão integrar-se todos, com poucas exceções. – Disse Joshua, interrompendo os pensamentos dos três agentes.
        − Tem razão. Mas temos de começar por algum lado. Todos os dessa enorme lista são suspeitos. Por isso, teremos de reduzi-la pelos álibis de todos os indivíduos. Assim, poderemos descartar os que estavam fora ou com testemunhas. – Declarou a agente.
        − Isso é muito inteligente. Por onde começamos?
        − Tem de ser alguém que tenha acesso a uma AFCC. O primeiro bilhete foi impresso numa impressora da empresa. Isso diminuirá a lista. – Disse MacLarens.
        − Tem razão. Mesmo assim, ainda temos todos os agentes, cientistas e guardas que conhecem a sua história e a de Marc. E não são assim tão poucos. – Proferiu Sebastien.
        − Por isso, é melhor começarmos já a reduzir a lista. Nicole, fique aqui, enquanto eu e Sebastien vamos à agência. Não é seguro o senhor MacLarens ficar sozinho. – Propôs Francis.
        E dito isto, os dois agentes saíram pela porta principal.
        − Preciso de ir trabalhar. Até logo. Vou com a Margaret e ela vai levar os rapazes a casa da Dionise. Ficas bem? – Perguntou Mellie, apesar de saber a resposta.
        − Sim, claro. Até logo. – Despediu-se.
        − Então, como é que conheceu a doutora? – Inquiriu Nicole, fazendo conversa.
        − Na AFCC. Fui lá levar um bilhete para ela examinar. Depois começámos a conversar e vimos que tínhamos muito em comum. – Mentiu MacLarens. Tinha receio que a agente não soubesse da sala secreta da catedral e não queria ter de inventar uma história para se redimir por isso aquela era a opção mais fácil. Conheceu Marc?
        − Sim. Eu fui agente dele durante o tempo em que ele esteve em Reims. Não nos conhecíamos muito bem, mas ele contava-me algumas coisas. Contou-me umas histórias de quando era pequeno, mas nunca falou em ter um irmão. – Respondeu Nicole.
        − É normal. Pelo que parece, ele só contou sobre mim a Margaret. Agora fiquei curioso. Que histórias é que ele lhe contou sobre a sua infância?
        − Assim, rapidamente, lembro-me de uma sobre um cachorro chamado Max que Marc tinha treinado, mas nunca fazia nada do que lhe mandavam. O seu irmão gostava muito dele e costumava contar várias histórias sobre o cão. Até que eu lhe disse para escrever um livro de contos sobre as aventuras dele e do seu cachorro. E foi essa a sua atividade diária em Reims. Depois, eu saí daquela sede e vim para o laboratório, nos arredores de Paris. Nunca soube se ele acabou o livro ou se o trouxe sequer para a cidade. – Explicou a mulher.

        − Eu lembro-me do Max. Ele e Marc eram os melhores amigos. Gostava muito de ler esses contos. Tanto eu como o meu irmão, implorávamos a nossos pais para ter um cachorro desde que me lembro. Até que nos anos de Marc, ele recebeu-o. Claro que os meus pais diziam que era dos dois, mas ele desde logo adotou o pequeno cão. – Contou MacLarens, deixando escorrer uma lágrima.

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