segunda-feira, 19 de setembro de 2011


                                 


                  ABRIL

                      I

  No arrastar da noite permitida
  pranteámos o desencanto

  e no tear difícil das vontades
  invocámos o dia depois.

  Quando a navalha de luz disse manhã
  no ventre escuro da terra antiga e amarga,

  ofuscou-nos e quase nos cegou
  aquele alvorecer desencoberto.



                  ABRIL

                      II

  Lisboa decretou a primavera
  e riu-se, desdentada.
  Era a festa.

  Soltas da gaiola da cidade
  as casas,
  de asas mouras,
  pestanejaram nos céus

  e foram as gaivotas assombradas
  chamar de volta os marinheiros velhos:

  Ao Tejo! Ao Tejo! E à terra morna
  de vinho e azeitonas.

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