CRÓNICA DE SINGAPURA
I
AS FESTIVIDADES DO ANO NOVO LUNAR
Quando cheguei a Singapura, estavam a meio as celebrações do ano novo, no calendário lunar chinês. A população da cidade-estado é maioritariamente chinesa (70%) e festas são festas. Com motivos e
arranjos diferentes, os arcos nas ruas de China Town fazem lembrar os enfeites
de rua nas cidades portuguesas e, até, o Santo António de Lisboa. As aulas
interrompem-se e só trabalha quem não pode mesmo escapar-se. Os espaços de
lazer estão pejados de gente divertida.
Julgo
que os preconceitos têm lugar na elaboração das ideias de todos nós. Estranhei
os grandes grupos de jovens chineses de ambos os sexos entretidos num convívio
ruidoso em que o álcool desempenhava o seu papel. Admirei-me com os vestidos
ocidentais das raparigas, com sapatos e malinhas de mão a condizer. A
maquilhagem e os penteados eram ocidentais. Imagino que muitos destes rapazes e
raparigas sejam universitários, dispostos a deixar de lado as ideias velhas e a
embarcar num estilo de vida bem mais hedonista que o dos pais e avós.
Entrámos
num bar enorme com centenas de jovens sentados à volta de mesas. Saímos logo
pois o ruído conjunto da música e da animação das vozes ultrapassava a
capacidade de absorção dos nossos ouvidos. Lembrei-me então de ter entrado por
engano, quarenta anos antes, em S. John`s, num bar de adolescentes, para bater
prontamente em retirada perante a ofensiva dos decibéis.
Os
enfeites relativos às festividades estão profusamente espalhados pelos lugares
públicos e estabelecimentos comerciais. Alguns contratam músicos e dançarinos.
O clima de Singapura, que dista apenas 137 quilómetros do Equador, cobra o seu
tributo.
Após uma dança breve, vi sair da parte dianteira do dragão um homem
exausto e banhado em suor. A movimentação agitada no interior da fantasia
excedia a tolerância física dos dançarinos.
Este
é o ano do cão e ele vê-se representado em toda a parte, muitas vezes com
imagens ingénuas de influência ocidental.
Nota: a terceira fotografia foi retirada da Internet.
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