sábado, 26 de fevereiro de 2011

ORGULHO

É com orgulho que publico neste blogue a primeira colaboração da minha neta. A Leonor vai fazer onze anos. O continho que apresento não é o primeiro, nem há-de ser o último que ela escreve. A iniciativa foi da menina e nenhum adulto lhe melhorou o português. Neta de peixe...



O GENERAL SÉRGIO


Num país longínquo, chamado Termineira, vivia um homem com o nome de Sérgio. Trabalhava no quartel militar e era general. Era de estatura mediana, tinha mãos grandes, braços musculados, cara redonda, olhos pequenos, nariz grande e umas orelhas pequenas. Na Termineira todos tinham muito respeito por ele, mas achava-no um pouco antipático.

Todos os dias, ao levantar, dava trinta voltas ao quartel, levantava cinquenta vezes os pesos e fazia cem flexões e à noite repetia os mesmos exercícios. Nunca casou nem teve filhos e viveu sempre em casa da mãe.

A sua mãe chamava-se Arlete. Tinha 97 anos e era reformada. Era baixa, corcunda, gorda, tinha cabelos brancos, óculos redondos e tinha sempre uma bengala e uma mala para bater nos mais novos. Os habitantes da Termineira tinham medo dela, pois ela lhes batia e eles não a queriam atacar por ela ser idosa. A Dª Arlete tinha uma imensidão de orgulho no filho, pois no tempo dela os homens tinham de ir para a guerra e ser general era um cargo muito importante.

No dia 3 de Março, nos anos da rainha Leonor, rainha da Temineira, o Sérgio, os polícias e o resto dos militares estavam todos na resta. As ruas não estavam seguras e as pessoas estavam com muita liberdade. Apesar de toda a gente se estar a divertir muito, o Sérgio estava muito preocupado mas, se abandonasse a festa, muita gente iria reparar. O que iria ele fazer? De repente, Sérgio teve uma ideia: podia fingir estar com gripe.

- Desculpe, minha dama, parabéns, eu tenho de me ir embora, pois estou com gripe - pediu Sérgio, um pouco envergonhado, mas com a mesma voz grossa de sempre.

- Ai, pode ir, eu aviso os outros convidados - afirmou a rainha Leonor.

Quando voltou à Termineira não viu nada de preocupante, na rua não estava ninguém, a não ser uma senhora. Parecia ter a idade de Sérgio, era muito bonita e parecia estar perdida. Sérgio dirigiu-se a ela e com a voz grossa de sempre, perguntou:

- Está perdida?

- Sim, a rua está deserta.

- Claro, os polícias e os militares estão todos na festa da rainha Leonor. Agora toda a gente está em casa com medo, declarou Sérgio.

- Mas você, vestido à militar, não devia estar na festa? - Inquiriu a senhora.

- Devia, mas estava muito preocupado, por isso fingi estar doente.

-Ah... Já agora, como se chama?

- Chamo-me Sérgio e sou general no quartel militar - respondeu-lhe. E você?

- Eu sou Margarida e trabalho no jornal militar.

- Margarida Manaté! - Gritou Sérgio.

- Sim, sou eu. Conhece-me?

- Claro que conheço. Você é do quartel de Arnes. O que veio cá fazer?

- Fui despedida e resolvi vir trabalhar para o seu quartel, se puder.

- Não há dúvida que pode. Se quiser, começa já.

- Posso começar por lhe fazer uma entrevista? - Pediu Margarida.

- Seria um prazer.

- No fim da entrevista, Margarida perguntou:

- Tem algum sítio onde eu possa dormir esta noite?

- Sim, a minha mãezinha está em casa da minha irmã, pode dormir no quarto dela.

No mês seguinte, quando já todos conheciam a Margarida, ela ganhou o prémio de melhor jornalista e, no ano seguinte, Margarida e Sérgio casaram-se. Tiveram três filhos: o João, a Arlete e o Tomás.

Quando as crianças cresceram, os rapazes foram para a tropa e a Arlete ficou jornalista. A história que vos acabei de contar repetiu-se de geração em geração nesta família.


LEONOR BALTASAR




ESTOU VIVO E DE SAÚDE!


Tenho escrito pouco nos blogues. Olhem que é bom sinal...

Aproveito, geralmente, o tempo que medeia entre o fim de um livro e o começo de outro para produzir textos curtos e simples. Certo ou errado, é assim que eu entendo as "postagens" de artigos na Internet.

Desta vez, mal publiquei "República - Luz e Sombra", atirei-me ao "túmulo". Não morri... Limitei-me a iniciar a escrita de "O Túmulo de Camões". O título é provisório, mas a obra vai adiantada e poderá estar concluída no final de Abril.

Saúdo os amigos!